Londres prepara medidas contra Moscou por caso de ex-espião
A embaixada da Rússia em Londres disse estar seriamente preocupada que o Reino Unido poderia lançar um ciberataque
O governo britânico decide nesta terça-feira que medidas tomar contra a Rússia, caso Moscou não explique, antes da conclusão do ultimato dado até a meia-noite, como se deu uma tentativa de assassinato de um ex-espião russo em solo britânico.
A Rússia alega inocência. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, exigiu em uma entrevista coletiva em Moscou acesso à substância química que provocou o envenenamento de Sergei Skripal. “Exigimos com uma nota oficial acesso a esta substância e a todos os fatos da investigação, porque uma das vítimas é a cidadã russa Yulia Skripal”, filha do ex-espião, disse o chanceler.
Além disso, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia convocou nesta terça-feira o embaixador do Reino Unido em Moscou por causa das acusações feitas por Londres.
Ontem, o embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko, foi chamado para consultas ao Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
Medidas
A resposta do governo britânico poderia incluir um leque de contramedidas econômicas, financeiras e diplomáticas. Segundo especulações da imprensa local, Londres poderia retirar sua equipe do Mundial da Rússia 2018. Mas, no momento, o governo apenas mencionou a possibilidade de as autoridades não comparecerem ao evento esportivo.
Citando uma fonte não identificada do governo, o jornal The Times também falou da possibilidade de Londres lançar um ciberataque, como disseminar um vírus nos sistemas informáticos estratégicos russos.
O caso
A primeira-ministra britânica, Theresa May, assegurou na segunda-feira que é “altamente provável” que a Rússia seja responsável pelo envenenamento de Skripal e deu um ultimato até hoje para que Moscou apresente uma explicação.
Skripal, de 66 anos, e a sua filha, de 33, permanecem em estado crítico, mas estável, desde o dia 4 de março, quando foram achados inconscientes em um banco de um parque em Salisbury, no sul da Inglaterra.
“Está agora claro que o senhor Skripal e sua filha foram envenenados com um agente nervoso de natureza militar de um tipo desenvolvido pela Rússia. É parte de um grupo de agentes nervosos conhecidos como ‘Novichok'”, especificou May durante um comparecimento na Câmara dos Comuns.
Skripal denunciou dezenas de agentes russos à inteligência estrangeira até ser preso pelas autoridades russas em 2004. Ele foi condenado a 13 anos de prisão em 2006, mas em 2010 recebeu refúgio no Reino Unido depois de ser trocado por espiões russos.
O serviço de saúde do Reino Unido examinou 38 pessoas em Salisbury que poderiam ter sido expostas ao agente nervoso de natureza militar, segundo o chefe da polícia antiterrorista britânica, Neil Basu.
O comando da polícia britânica insistiu que o risco para a saúde da população é “baixo” e pediu aos cidadãos de Salisbury que passaram pelos mesmos lugares que Skripal no último dia 4, quando ocorreu o envenenamento, que limpem os pertences que usaram naquele dia para evitar uma possível contaminação.
Ciberataque
A embaixada da Rússia em Londres disse nesta terça-feira que está seriamente preocupada com relatos de que o Reino Unido poderia lançar um ciberataque contra a Rússia, e fez um apelo ao governo britânico para que considere cuidadosamente as consequências de tal ação.
“Não apenas a Rússia é acusada provocativamente e sem fundamento pelo incidente em Salisbury, mas, aparentemente, planos estão sendo desenvolvidos no Reino Unido para atacar a Rússia com armas cibernéticas”, disse a embaixada russa em Londres.
“Declarações de uma série de parlamentares e de especialistas sobre um possível ‘destacamento’ de ‘capacidades cibernéticas’ causam séria preocupação”, acrescentou. “Convidamos o lado britânico a mais uma vez considerar as consequências de uma medida tão inconsequente.”
(Com AFP, EFE e Reuters)