Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Livro bomba de ex-assessor de Trump chacoalha Casa Branca

John Bolton, ex-assessor de Segurança dos Estados Unidos, revela que os presidente americano coloca interesses pessoais à frente do dever

Por Da Redação Atualizado em 8 set 2020, 18h01 - Publicado em 17 jun 2020, 19h45

A mais nova bomba a impactar o mandato de Donald Trump à frente da presidência dos Estados Unidos poderia ser classificada como “Fogo Amigo” (ou quase). O ex-conselheiro nacional de Segurança, e membro do Partido Republicano John Bolton vazou novos trechos do livro capaz de chacoalhar a estruturas da Casa Branca e de dificultar ainda mais a reeleição de Trump nas eleições de novembro.

No livro “The room where it happened” (A sala onde tudo aconteceu, em português), que deve ser publicado ainda esse mês, Bolton detalha o tipo de relação de proximidade que tinha com o presidente americano e revela segredos de alcova que mostram a maneira pouco republicana de Trump agir nos bastidores do poder. Novos trechos foram publicados nesta quarta-feira, 17, pelos jornais The New York Times, Wall Street Journal e Washington Post.

Entre as histórias, Bolton diz que o presidente americano pediu ao presidente da ChinaXi Jinping, para ajudá-lo a ser reeleito comprando mais produtos agrícolas dos EUA. Em uma reunião individual entre Trump e Xi, durante o encontro do G-20, em junho de 2019, no Japão, o mandatário chinês teria reclamado sobre críticos da China na América. “Ele, surpreendentemente, virou a conversa para a próxima eleição presidencial dos EUA, aludindo à capacidade econômica da China de afetar as campanhas em andamento, implorando a Xi para garantir que ele vencesse”, escreveu Bolton. A versão é corroborada por relatórios escritos após a reunião do G-20, que sugeriram que Trump pressionou Xi a comprar mais produtos agrícolas dos EUA, mas o presidente chinês relutou em assumir quaisquer compromissos.

O ex-conselheiro também chama atenção para o fato de que Trump simplesmente ignorou denúncias de violações de direitos humanos no país asiático. “No jantar de abertura da reunião do G-20 de Osaka, com apenas intérpretes presentes, Xi havia explicado a Trump por que ele estava basicamente construindo campos de concentração em Xinjiang. Segundo o nosso intérprete, Trump disse que Xi deveria continuar construindo os campos”, conta o livro.

Para John Bolton, Donald Trump estava disposto a interromper as investigações criminais para “fazer favores pessoais aos ditadores que ele gostava”. No livro, ele descreve um padrão de corrupção no qual Trump tentaria usar a alavancagem do poder dos EUA em outros países para seus próprios fins pessoais. “O padrão parecia ser a obstrução da Justiça como um modo de vida, o que não podíamos aceitar”, escreve Bolton, acrescentando que ele levou suas preocupações ao procurador-geral William Barr, responsável por investigar a conduta de Trump frente à Casa Branca. 

Continua após a publicidade

O ex-assessor de segurança foi demitido por Trump, em setembro de 2019. Na época, o mandatário recorreu ao Twitter para justificar a medida: “Eu informei a John Bolton ontem à noite que os serviços dele não são mais necessários na Casa Branca. Eu discordei veementemente com muitas das sugestões dele, assim como outros [o fizeram] na administração”. Entre as discordâncias, estavam políticas externas em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão.

Bolton se recusou a testemunhar no processo de impeachment aberto contra Trump na Câmara, mas barrado pelo Senado, onde o Partido Republicano tem maioria. O depoimento do ex-conselheiro poderia compor as provas mais contundentes do processo político. Ao se recusar, o diplomata veterano atraiu diversas críticas de deputados democratas que o acusaram de colocar o lucro pessoal antes do dever cívico, aceitando revelar o que sabia apenas em seu livro. – “A sala onde tudo aconteceu” tem tudo para alcançar rapidamente a lista dois mais vendidos nos EUA.  

Bolton, um republicano linha dura, acusa os democratas do Congresso de cometerem “má prática de impeachment”, limitando o processo ao caso da Ucrânia – em que Trump é acusado de condicionar a ajuda militar dos EUA à Kiev às investigações dos negócios do candidato à presidência pelo partido Democrata, Joe Biden, e seu filho. Bolton defende que o inquérito deveria abordar dois outros temas: a intervenção de Trump nas investigações norte-americanas no Halkbank da Turquia – para obter favores do presidente Recep Tayyip Erdoğan, da Turquia –  e na empresa de  telecomunicações da China, ZTE – que teriam o objetivo de agradar Xi Jiping.

Continua após a publicidade

No livro, Trump também é tratado de maneira caricata. Bolton afirma que o presidente não sabia que a Grã-Bretanha tinha armas nucleares próprias ou que a Finlândia não fazia parte da Rússia. Bolton conta que o secretário de Estado, Mike Pompeo, extremamente leal ao presidente, em público, o criticava pelas costas. Segundo o ex-assessor, Pompeo achava que o acordo com a Coreia do Norte, costurado por Trump, não tinha “a menor chance de dar certo”. 

Os episódios narrados no livro devem ganhar o debate político nos Estados Unidos e tem tudo para balançar um pouco mais o barco do presidente americano. Além de enfrentar os protestos contra o racismo, a pandemia de Covid-19 e a vantagem do democrata Joe Biden nas pesquisas, Trump terá de driblar as acusações de seu ex-amigo.  

VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.