O presidente do partido ultradireitista francês Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, criticou nesta terça-feira, 18, o atacante Kylian Mbappé por incentivar jovens a votarem contra os “extremos” nas eleições legislativas da França, com primeiro turno previsto para 30 de junho. O pleito foi convocado antecipadamente pelo presidente do país, Emmanuel Macron, após derrota do seu partido, Renascimento (REM), nas votações para o Parlamento Europeu, braço legislativo da União Europeia (UE).
“Tenho muito respeito pelos nossos jogadores de futebol, sejam Marcus Thuram ou Kylian Mbappé, que são ícones do futebol e ícones da juventude. Mas devemos respeitar os franceses, devemos respeitar o voto de todos”, afirmou Bardella à emissora francesa CNews TV.
Ele acrescentou que Mbappé “tem a sorte de ter um salário muito, muito alto” e que fica “um pouco envergonhado de ver esses atletas dando aulas para pessoas que não conseguem mais sobreviver, que não se sentem mais seguras, que não têm a oportunidade de viver em bairros superprotegidos por agentes de segurança”.
Os comentários acontecem um dia após o jogador do Real Madrid definir a situação política da França como “terrível” e “um evento nunca visto antes”, em eco ao pedido do atacante Marcus Thuram para que os franceses “lutem diariamente” contra o avanço do RN. Mbappé disse que os jovens são “uma geração que pode fazer a diferença”, acrescentando: “Vemos que os extremos estão batendo à porta do poder e temos a oportunidade de moldar o futuro do nosso país.”
“Eu compartilho a opinião dele (Thuram). Partilho da mesma opinião quando falei sobre diversidade, tolerância e respeito”, continuou. “Kylian Mbappé é contra visões extremistas e contra ideias que dividem as pessoas. Quero ter orgulho de representar a França, não quero representar um país que não corresponde aos meus valores, ou aos nossos valores.”
+ Macron convoca eleições antecipadas na França após avanço de Le Pen
Eleições em jogo
Ao dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, Macron afirmou que os resultados das eleições do Parlamento Europeu foram “um desastre que não pode ser ignorado” e que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo”. O RN arrematou 31,37% dos votos no pleito, contra apenas 14,60% da coalizão do presidente francês, Besoin d’Europe. A arriscada aposta política de Macron acontece às vésperas das Olimpíadas de Paris.
Macron derrotou Le Pen nas eleições presidenciais francesas de 2017 e 2022, com 66,1% e 58,54% dos votos, respectivamente. Logo depois da convocação da corrida legislativa na França, Le Pen afirmou que sua vitória no Parlamento Europeu era um acontecimento “histórico” e que ela estava pronta para ganhar novamente, desta vez em nível nacional.
“Estamos prontos para assumir o poder se os franceses nos derem a sua confiança nas próximas eleições nacionais”, disse em um comício no início deste mês.