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Líbia: combates para ocupação rebelde da capital deixam ao menos 32 mortos

Tropas do marechal rebelde Khalifa Haftar promovem ataques para tomar a cidade de Trípoli

Por AFP Atualizado em 8 abr 2019, 08h40 - Publicado em 8 abr 2019, 00h55

lViolentos combates foram registrados neste domingo 7 nos arredores de Trípoli, capital da Líbia, entre as tropas do marechal rebelde Khalifa Haftar, que quer tomar a cidade, e forças o Governo de Unidade Nacional (GNA) de Fayez al Sarraj.

A ofensiva, que já deixou pelo menos 32 mortos e 52 feridos, incluiu o bombardeio dos subúrbios da capital e não se deteve nem mesmo para acatar um pedido da ONU de uma “trégua humanitária” de duas horas ao sul da capital para permitir a retirada das vítimas e civis.

Segundo fontes diplomáticas, a Rússia bloqueou neste domingo uma declaração do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pedia às forças do comandante Haftar para deter seu avanço.

Após uma reunião a portas fechadas na sexta, o Conselho pediu ao autoproclamado Exército Nacional da Líbia (LNA), sob o comando de Haftar, para suspender sua “atividade militar”, segundo uma declaração entregue à imprensa.

Na sequência, o Reino Unido propôs um texto mais formal para sua aprovação no Conselho, de 15 membros, ao qual a Rússia se opôs, frustrando-o, uma vez que as declarações do Conselho são adotadas por consenso.

O esboço também pedia a “quem socava a paz e a segurança da Líbia que preste contas” e renovava o apoio a uma conferência nacional que será celebrada este mês com vistas à convocação de eleições.

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A Rússia tem sido um partidário-chave de Haftar, juntamente com o Egito e os Emirados Árabes Unidos. O governo dos Estados Unidos, por sua vez, declarou-se “profundamente preocupado” pelos combates perto da capital líbia e pediu a “suspensão imediata” da ofensiva militar do comandante Haftar, afirmou o secretário e Estado americano Mike Pompeo.

País rico em petróleo, a Líbia está mergulhada no caos desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, mas a ofensiva lançada na quinta-feira pelas forças do marechal Haftar para tomar o controle de Trípoli marca uma escalada importante entre as duas autoridades que disputam o poder.

As forças de Khalifa Haftar são leais a uma autoridade baseada no leste do país, que se opõe ao Governo de Unidade Nacional, instalado em Trípoli (oeste) e reconhecido pela comunidade internacional.

Após uma noite sem combates, os enfrentamentos recomeçaram neste domingo no sul da capital, especialmente em Wadi Rabi e no perímetro do aeroporto internacional de Trípoli, a 30 km da cidade, uma infraestrutura destruída em 2014.

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Operação “Vulcão da Ira”

O Exército Nacional Líbio (ENL), chefiado pelo marechal Haftar, anunciou neste domingo ter efetuado seu primeiro bombardeio aéreo nos arredores do sul da capital. Na véspera, as forças leais ao GNA haviam assegurado, por sua vez, ter lançado o primeiro ataque pelo ar.

No domingo, o novo porta-voz das forças do GNA, coronel Mohamad Gnunu, proclamou o início de uma “contra-ofensiva”.

Esta operação, chamada de “Vulcão da Ira”, deve permitir “limpar todas as cidades dos agressores e das forças ilegítimas”, declarou o porta-voz à imprensa em Trípoli, no dia seguinte à sua nomeação.

Diante da intensificação dos combates, a organização Crescente Vermelho advertiu no domingo ser impossível acessar as famílias bloqueadas pelos enfrentamentos. Informou a morte, no sábado, de um médico dos serviços de resgate.

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O exército americano anunciou neste domingo a retirada provisória de seus militares na Líbia devido aos combates.

Em discurso na noite de sábado, o chefe do GNA, Fayez al Sarraj, advertiu para a possibilidade de uma “guerra sem vencedores” na Líbia.

Sarraj acrescentou que os reforços continuavam “chegando à capital, de todas as regiões”, para fazer frente à ofensiva do ENL.

Aparentemente, o marechal Haftar pensava em uma vitória rápida “sem combates”, após estabelecer alianças com facções da Tripolitana (região oeste) e acreditando que os grupos armados pró-GNA cairiam rapidamente.

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“Defesa da capital”

O ENL teria sido surpreendido pela mobilização das forças que lhe são mais ou menos hostis, como as poderosas milícias de Misrata (200 km a leste de Trípoli), que conseguiram expulsar em 2016 o grupo Estado Islâmico em Sirte.

Estas milícias, reticentes a princípio a participar dos combates, decidiram finalmente se comprometer na “defesa da capital”, assim como os grupos de Zentan e Zawiya.

Pelo menos um grupo armado de Misrata, a “brigada 166”, chegou no sábado ao leste da capital para participar da contraofensiva com dezenas de veículos armados, com artilharia antiaérea, constatou a AFP.

Os analistas, no entanto, estimam que a ofensiva das forças de Haftar poderia se alongar e inclusive fracassar.

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“A operação de Haftar (…) atiçou as forças líbias do oeste contra ele”, afirma Wolfram Lacher, pesquisador do Instituto Alemão de Política Internacional e de Segurança (SWP).

Haftar “está agora confrontado com a perspectiva de uma guerra prolongada” e a hipótese de uma derrota, acrescenta.

Esta nova escalada ocorre antes de uma Conferência Nacional, auspiciada pela ONU, prevista para meados de abril em Gadamés, no sudoeste do país, para esboçar um “mapa do caminho” para tirar o país do caos, com eleições incluídas.

O enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, disse no sábado que a conferência está mantida “na data prevista”, de 14 a 16 de abril, “exceto circunstâncias de força maior o impeçam”.

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