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LGBTs sobreviventes da ditadura argentina recebem pedido de desculpas

Duas mulheres transgêneros recebem reparação de Santa Fé; cirurgia de mudança de sexo e terapia hormonal são gratuitas na província

Por Da Redação
13 dez 2018, 17h25

Em um plano inédito de reparações, o governo da província de Santa Fé, na Argentina, fez um pedido público de desculpas a pessoas da comunidade LGBT, muitas delas transgêneros, que foram perseguidas durante a ditadura militar (1976-1983).

O governo da província reconheceu a violência de Estado sofrida durante esse período de exceção por Marina Quintero e Noelia Trujillo. O secretário de Governo e Reforma do Estado, Pablo Farías, afirmou que Santa Fé está pagando uma dívida do Estado argentino. “Não temos como apagar o que vocês viveram, mas podemos sim reivindicar e colocar a justiça acima da tragédia”, afirmou.

Ao crescer como uma pessoa transgênero na década de 1970, Noelia Trujullo, de 55 anos, sabia que poderia ser presa e abusada apenas por andar na rua com seu cabelo comprido e vestindo saia. Aos 16 anos, foi presa pela polícia, que determinou que ela tirasse suas roupas para zombar dela. Em outras ocasiões ela foi presa, algumas vezes por até dois meses, em delegacias na província de Santa Fé, no leste da Argentina.

“Éramos considerados criminosos, sub-humanos, porque usávamos roupas de mulher”, disse ela“Você se sente desprezível. Foi a violência psicológica que mais me afetou”, completou.

Em 2010, a Argentina tornou-se o primeiro país na América Latina a permitir que casais homossexuais se casassem e adotassem crianças. O país tem feito grandes esforços, ao longo do período democrático, para avançar nos direitos LGBT e é um dos poucos a permitir, desde 2012, que pessoas mudem seu gênero em documentos oficiais de identificação.

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Em Santa Fé, homens e mulheres transgêneros têm direto de realizar gratuitamente a cirurgia de mudança de sexo e acesso a terapia hormonal em hospitais públicos. Rosario, a maior cidade da província, se apresenta como uma cidade convidativa para a comunidade LGBT.

“Temos sorte de viver em uma província que levou o assunto dos nossos direitos a sério. Há uma vontade política”, comemora Trujullo.

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