Mais de 100 lápides de um cemitério judeu foram pichadas com imagens que fazem apologia ao nazismo na região francesa da Alsácia, na fronteira com a Alemanha, segundo anunciaram as autoridades locais na terça-feira 3. O território já foi palco de pelo menos outros dois incidentes semelhantes desde dezembro de 2018.
Pelo menos 107 das 700 lápides do cemitério de Westhoffen — cidade que fica a 25 quilômetros a oeste de Estrasburgo, capital da Alsácia — foram pichadas com suásticas na cor preta.
Os vândalos também grafaram inscrições do número “14” nas lápides, em referência ao slogan de 14 palavras do supremacista branco americano David Lane, que morreu em 2007 cumprindo pena de 190 anos de cadeia por conspiração, falsificação e extorsão, dentre outros delitos. O bordão foi inspirado em um trecho do livro Mein Kampf, de Adolf Hitler.
Na manhã da mesma terça-feira, a cerca de 20 quilômetros, o prefeito da cidade francesa de Schaffhouse-sur-Zorn, Jean Hentz, anunciou que a prefeitura e a sinagoga locais haviam sido vandalizadas por neonazistas. Referências a Westhoffen foram encontradas entre as pichações, segundo o jornal local Dernières Nouvelles d’Asalce.
“Judeus são e fazem a França. Aqueles que os atacam, até mesmo seus túmulos, não são dignos da ideia que temos da França”, tuitou o presidente francês Emmanuel Macron. “Antissemitismo é um crime e nós o enfrentaremos em Westhoffen como em qualquer outro lugar até que nossos mortos possam descansar em paz”, concluiu.
O cemitério judeu de Westhoffen é o terceiro em Estrasburgo e arredores a ser alvo de atos neonazistas no último ano. Em fevereiro, pelo menos 80 lápides foram depredadas na comunidade de Quatzenheim. Outras 37 e um memorial ao Holocausto já haviam sido vandalizados em Herrlisheim-près-Colmar.
Como recorda a emissora de rádio francesa Franceinfo, outros cinco atentados semelhantes na Alsácia também foram registrados — nas prefeituras de Thal-Marmoutier e de Haegen (julho de 2018), na residência do prefeito de Brumath (novembro de 2018), em um centro de auxílio para pedidos de asilo em Estrasburgo (janeiro de 2019), na prefeitura de Schirrhoffen (julho de 2019) e na sinagoga de Mommenheim (março de 2019).
Em um caso não relacionado, mas ocorrido no início desta semana, pelo menos quatro usuários da Amazon comercializaram enfeites de natal e outros materiais cotidianos, como abridores de garrafa, com imagens do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de pessoas foram torturadas e mortas pela ditadura nazista entre 1940 e 1945.