Kiev precisa estar no ‘melhor lugar possível’ para negociações, diz Sunak
Guerra na Ucrânia não terminará no campo de batalha, e sim na mesa de negociações, segundo primeiro-ministro britânico
A guerra na Ucrânia não terminará no campo de batalha, e sim na mesa de negociações, afirmou o premiê britânico, Rishi Sunak, nesta sexta-feira, 10, prometendo ajudar o presidente Volodymyr Zelensky a estar “no melhor lugar possível para essa conversa”.
Em Paris para a primeira cúpula entre Reino Unido e França em cinco anos, um sinal do esforço entre ambas as nações para reatar relações após o Brexit, o primeiro-ministro reforçou que a prioridade é oferecer “os recursos, o treinamento e o apoio” aos ucranianos para que seja possível enfrentar os esforços da Rússia.
Apesar do encontro junto ao francês Emmanuel Macron tratar de problemas comuns entre as nações, como imigração, os dois líderes deixaram claro que boa parte do encontro foi dedicada à questão ucraniana.
“O que queremos fazer agora é construir novas parcerias em defesa e segurança, no enfrentamento da guerra (na Ucrânia) e em relação às mudanças climáticas para coordenar nossa atividade internacional. E para nossos negócios e nossas pessoas, queremos construir novos vínculos, novas relações”, disse Macron.
Depois do encontro em Paris, Sunak e Macron se comprometeram a fornecer treinamento para fuzileiros navais ucranianos em uma nova “vantagem decisiva” para o país no conflito. O primeiro-ministro disse também que essas medidas auxiliarão a Ucrânia, no futuro, em um possível acordo de cessar-fogo com a Rússia.
Em fevereiro, Zelensky viajou a Londres para uma rara visita fora da Ucrânia, sua segunda viagem ao exterior (a primeira foi aos Estados Unidos) desde a invasão russa de seu país há quase um ano. Durante seu discurso, ele agradeceu o Reino Unido por seu apoio e previu a vitória ucraniana sobre Moscou com sua ajuda.
De fato, o governo britânico se enxerga como liderança no rol de apoiadores da Ucrânia, e Sunak, como seus antecessores, é um defensor declarado dos interesses de Kiev. No entanto, o apoio está aquém dos pedidos do presidente ucraniano, que quer o envio de aviões militares a jato para o campo de batalha contra a Rússia, o que aumentaria o contingente de armas ocidentais ofensivas em uma guerra da qual o Ocidente afirma não participar.
Embora Londres, depois de Washington, seja o maior provedor de assistência militar à Ucrânia (em 2022, forneceram US$ 2,8 bilhões em preciosa ajuda bélica para Kiev e prometeu igualar a quantia em 2023), e ainda lidere a Operação Interflex, iniciativa que treina soldados ucranianos em território britânico, ainda está relutante em enviar caças ao campo de batalha.
Em discurso ao Parlamento britânico, durante sua visita, depois de fazer referência ao rei Charles III, que treinou como piloto de jato na Royal Air Force, na década de 1970, o líder ucraniano falou de seus próprios pilotos: “Por serem tão poucos e tão preciosos, nós, servos de nossos reis, faremos o possível e o impossível para que o mundo nos forneça aviões modernos para capacitar e proteger os pilotos que estão nos protegendo”.