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Julgamento do voo Rio-Paris da Air France tem início 13 anos após acidente

Aivão caiu no Oceano Atlântico em 2009 e matou todas as 228 pessoas que estavam a bordo

Por Matheus Deccache 10 out 2022, 15h16

Um tribunal criminal francês iniciou nesta segunda-feira, 10, o histórico julgamento por homicídio culposo da companhia aérea Air France e da fabricante de aviões Airbus, 13 anos depois da queda da aeronave A330 no Oceano Atlântico, que terminou com a morte de todos que estavam a bordo.

Os chefes de ambas as empresas se declararam inocentes depois que as autoridades leram os nomes das 228 pessoas mortas durante tempestade que atingiu o voo AF447, que ia do Rio de Janeiro a Paris, em 1º de junho de 2009.

+ Air France e Airbus devem ser julgadas por queda do voo AF-447, em 2009

Vários parentes das vítimas protestaram no tribunal quando a presidente-executiva da Air France, Anne Rigail, e o então diretor executivo da Airbus, Guillaume Faury, expressaram condolências durante as declarações de abertura do julgamento de nove semanas. 

Após uma busca que durou mais de dois anos pelas caixas pretas do A330, os investigadores descobriram que os pilotos responderam de maneira incorreta a um problema envolvendo sensores de velocidades congelados e caíram em queda livre sem responder aos alertas para parar.

No entanto, a agência de acidentes francesa BEA revelou discussões anteriores entre as empresas sobre problemas crescentes com instrumentos de medição de velocidade externos que geram as leituras. Segundo as conclusões da acusação, a Airbus é suspeita de reagir muito lentamente ao crescente número de problemas com esses instrumentos.

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Ao mesmo tempo, as conclusões preliminares questionaram os esforços da Air France para garantir que seus pilotos fossem bem treinados. Os papéis relativos ao erro do piloto ou do sensor serão a chave para o julgamento, expondo divisões amargas que ocorreram nos bastidores entre duas das empresas icônicas da França por mais de uma década.

Por um lado, a Airbus culpa a falta de preparo dos pilotos pelo acidente; do outro lado, a Air France alega que o excesso de alarmes e dados confusos sobrecarregaram os profissionais. 

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Advogados alertaram para que o tão esperado julgamento não foque apenas na briga entre as empresas e deixe de lado os parentes das 33 nacionalidades representadas no AF447, principalmente franceses, brasileiros e alemães.

“É um julgamento em que as vítimas devem permanecer no centro do debate. Não queremos que a Airbus ou a Air France transformem este julgamento em uma conferência de engenheiros”, disse um dos advogados, Sebastien Busy, à Reuters.

Esta é a primeira vez que empresas francesas são julgadas por “homicídio involuntário” após um acidente aéreo. As famílias das vítimas, no entanto, dizem que os gerentes individuais também deveriam estar no banco dos réus. 

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Os parentes também dispensaram a multa previamente estipulada de 225.000 euros, o equivalente a 1,1 milhão de reais, devido ao seu baixo valor. A quantia corresponde a apenas dois minutos de receita pré-Covid para a Airbus e cinco minutos de receitas de passagens da Air France. 

Além disso, novos acordos extrajudiciais envolvendo maiores indenizações também foram realizados, embora o valor total não tenha sido divulgado. 

+ MP de Paris insiste em julgar Air France e Airbus por queda do voo 447

O caso do voo AF447 trouxe uma revolução no treinamento e tecnologia das companhias aéreas e é visto como um dos poucos acidentes que mudaram a aviação, incluindo melhorias em todo o setor na recuperação de controle perdido.

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Um dos maiores mistérios é entender como a tripulação com mais de 20.000 horas de experiência de voo não conseguiu entender que sua aeronave havia perdido sustentação. Segundo especialistas, isso exigia a manobra básica de empurrar o nariz para baixo em vez de puxá-lo para cima, como fizeram durante grande parte do mergulho fatal de quatro minutos em direção ao Atlântico em uma zona morta de radar.

+ Justiça francesa pede nova perícia de acidente em voo Rio-Paris

A agência BEA disse que a tripulação respondeu incorretamente ao problema de formação de gelo, mas também não teve treinamento necessário para voar manualmente em alta altitude depois que o piloto automático caiu. Além disso, também foram destacados sinais inconsistentes de uma tela chamada diretor de voo, que desde então foi redesenhada para se desligar em tais eventos para evitar confusão.

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