A brasileira Sirley Paixão se reencontrou com seu filho, Diego, ontem, depois que um juiz dos Estados Unidos determinou a liberação do menino de dez anos. Sirley foi uma das duas brasileiras que processou o governo americano por tê-las separado de seus filhos na fronteira com o México.
O menino estava entre as mais de duas mil crianças separadas dos pais na fronteira devido à política migratória de tolerância zero de Trump, que detém os adultos pegos tentando entrar ilegalmente em território americano para que sejam processados antes de serem expulsos. Como a lei não se aplica aos menores de idade, eles são separados dos pais e enviados a abrigos para não permanecerem em centros de detenção.
Mãe e filho chegaram aos Estados Unidos em 22 de maio solicitando refúgio, mas logo foram separados por agentes da imigração. Sirley ficou detida até 13 de junho. Diego foi levado para o Heartland Human Care Service, em Chicago. Trata-se do mesmo abrigo onde ficou Diogo de Oliveira, o menino brasileiro de nove anos liberado por ordem de um juiz federal na semana passada. Diogo permaneceu um mês no local, onde tinha direito apenas a um contato telefônico semanal com a mãe.
A advogada de ambos os casos acreditou que a libertação de Diogo levaria também à de Diego como consequência, mas não foi o que aconteceu. Sirley então entrou com um processo contra o governo americano na segunda-feira (2) para recuperar a custódia de Diego.
Um juiz federal em Chicago ordenou ontem a liberação do menino apontando a probabilidade de “dano irreparável”. Os dois se reuniram logo depois, de acordo com relatos da mídia americana. “Os pleiteantes demonstraram em sua alegação que a separação continuada de (Diego) e seus pais viola seus direitos de um devido processo legal”, afirmou o juiz da Corte Distrital dos Estados Unidos, Manish Shah, por escrito.
Após o reencontro, mãe e filho foram ficar com parentes e amigos em Boston, enquanto o pedido de refúgio de Paixão é processado, informou a imprensa americana. “Estou muito, muito feliz”, disse Paixão à imprensa por meio de um intérprete após a audiência. “Ele vai estar bem ao meu lado, e ele nunca mais vai a lugar nenhum”, garantiu.
O encontro aconteceu no dia em que o governo de Donald Trump anunciou que recorreu a testes de DNA em cerca de 3 mil crianças migrantes detidas que permanecem separadas de seus pais, a fim de reunir as famílias nos prazos impostos pelos tribunais.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)