Javier Milei toma posse como presidente da Argentina
Ultradireitista, economista assume país com uma grave crise, com inflação acima de 140% , e promete tratamento de choque na política do país
O economista Javier Milei, de 53 anos, tomou posse neste domingo como o 52º presidente da Argentina. Milei seguiu uma tradição que se repete há 150 anos: recebeu faixa presidencial e do bastão de comando do ex-presidente Alberto Fernandes. Porém, Milei quebrará a segunda parte da tradição e, ao invés de discursar ao Congresso, ele foi para o lado de fora do Congresso, onde falará para a população.
Milei foi declarado empossado presidente em uma cerimônia conduzida por Cristina Kirchner, sob os gritos de “libertad” (liberdade, em português) de seus apoiadores, que ocupavam as galerias do Congresso. Ele também foi recebido por Cristina no parlamento. Sorridente, ele cumprimentou parlamentares e chegou carregando uma pasta, com seu primeiro discurso como presidente.
Milei convocou seus apoiadores para comparecer ao Congresso, com bandeiras do país. Os apoiadores começaram a se reunir desde cedo na praça em frente ao parlamento com bandeiras, camisas da seleção de futebol, cartazes e gritos como “la casta tiene miedo” (a casta tem medo), slogan utilizado em sua campanha. Ele deve seguir para a Casa Rosada em carro aberto.
Conservador nos costumes e ultraliberal na economia, Milei chega à Casa Rosada após defender propostas polêmicas, como a liberação do uso de armas pela população, a possibilidade de venda de órgãos humanos para transplante, o fim dos serviços públicos de saúde e educação, o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia. O novo presidente tem como principal desafio uma inflação que passa dos 140%, maior desde 1991.
Milei receberá uma Argentina na qual 41% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. O presidente não divulgou um plano para melhorar a situação dos mais humildes, que poderá, até mesmo piorar nos primeiros meses de governo. Após sua vitória nas urnas, Milei deu diversas declarações de que será necessária uma política de ajuste drástica para recompor as finanças do país e conter a inflação. Nesse plano, deve haver a eliminação graudal subsídios e programas de ajuda social, o que implicará, em alguns casos, reajustes da tarifas de serviços públicos.
Durante a campanha, “Peruca”, como é conhecido entre seus eleitores, defendeu um ajuste fiscal sem precedentes na história do país, em torno de 15% do Produto Interno Bruto, meta que pretende alcançar cortando radicalmente os gastos do governo. O plano foi apelidado de “motosserra”, ferramenta que ele utilizou em suas carreatas, para delírio de seus seguidores.
Para cativar essa fatia do eleitorado, o então candidato do La Libertad Avanza utilizou de muitos influencers que os acompanhavam nos atos políticos e se vestiam como personagens de animes japoneses. A campanha nas redes sociais conquistou forte engajamento.