O Japão disse nesta terça-feira, 22, que começará a liberar no mar em 48h mais de 1 milhão de toneladas métricas de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima, seguindo em frente com um plano criticado pela China.
Aprovado há dois anos pelo governo japonês, o projeto de despejar a água no Pacífico é tido como crucial para o descomissionamento da usina destruída em 24 de agosto. Ele também enfrentou críticas de grupos pesqueiros locais, temendo danos à reputação de seu produto.
“Espero que a liberação de água comece em 24 de agosto, se as condições climáticas permitirem”, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
O anúncio foi feito um dia depois de o governo dizer que obteve “certo grau de compreensão” por parte dos pescadores, apesar de seus temores.
A água será inicialmente liberada em porções menores e com verificações extras. A primeira leva totalizará 7.800 metros cúbicos, despejada ao longo de 17 dias a partir de quinta-feira, segundo a Tokyo Electric Power Company (Tepco), dona de Fukushima.
O Japão prometeu remover a maioria dos elementos radioativos da água, exceto o trítio, um isótopo de hidrogênio que deve ser diluído porque é difícil de filtrar.
Essa água contém cerca de 190 becquerels – unidade de radioatividade – de trítio por litro, abaixo do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para água potável (de 10.000 becquerels por litro). O Japão defende que despejar os resíduos no mar é seguro, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deu sinal verde ao plano em julho. O órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas disse que o projeto atende aos padrões internacionais e que o impacto sobre as pessoas e o meio ambiente era “insignificante”.
De acordo com pesquisa da emissora japonesa FNN, divulgada no último fim de semana, 56% dos japoneses apoiam a liberação da água, enquanto 37% se opõe.
Apesar das garantias, alguns países vizinhos também expressaram ceticismo sobre a segurança do plano, sendo Pequim o maior crítico.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, chamou a medida de “extremamente egoísta”, acrescentando que a China apresentou uma queixa formal. Enquanto isso, o líder de Hong Kong, John Lee, caracterizou a iniciativa de “irresponsável” e disse que a cidade “ativaria imediatamente” barreiras à importação de frutos do mar japoneses a partir de quinta-feira.
A proibição, que também será implementada por Macau, abrange frutos do mar vivos, congelados, refrigerados, secos, sal marinho e algas marinhas. Por fim, a Coreia do Sul disse num comunicado divulgado nesta terça-feira que não vê problemas com os aspectos científicos ou técnicos do plano, mas não necessariamente o apoia.
Apesar do mal-estar com os vizinhos, Kishida disse acreditar que um “entendimento preciso” do assunto está se espalhando na comunidade internacional. O governo japonês garantiu que vai disponibilizar resultados de testes da água do mar após o despejo de Fukushima no início de setembro, bem como testes com peixes nas águas próximas à usina.