O governo do Japão emitiu, nesta quarta-feira, 29, uma ordem para que quase 4 milhões de pessoas que moram no sul do país deixem suas casas diante da ameaça do tufão Shanshan. Com ventos de 185 km/h, a tempestade atingiu a costa japonesa nesta quinta, deixando mais de 250 mil casas sem energia e levando companhias aéreas a cancelarem pelo menos 700 voos.
A Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta de emergência raro, dizendo esperar que o tufão provoque inundações e deslizamentos de terra em Kyushu, a principal ilha mais ao sul do país, com recorde de chuvas.
Em meio à suspensão de linhas de trem-bala e ao fechamento de fábricas das montadoras Toyota, Honda, Mazda e Nissan, autoridades japonesas afirmaram nesta quinta-feira que há uma “situação de risco de vida” iminente na prefeitura de Oita, em Kyushu. Lá, instaram 57 mil pessoas a tomarem “ações para salvar vidas” ao emitir seu alerta máximo de tufão. Toda a ilha recebeu orientações de evacuação, afetando 3,7 milhões de pessoas.
Potencial destrutivo
Pelo menos uma pessoa está desaparecida e dezenas ficaram feridas em toda a ilha nesta quinta-feira, de acordo com o governo local. No início da semana, três pessoas morreram em um deslizamento de terra desencadeado pelo vento e chuvas do tufão.
O Shanshan enfraqueceu à medida que se move lentamente na direção norte, equivalente a um furacão de categoria 1 do Atlântico, de acordo com o Centro Conjunto de Alerta de Tufões. O centro da tempestade ficou a cerca de 150 quilômetros da cidade de Sasebo, após atingir o continente com ventos de até 185 km/h.
Em Miyazaki, perto de onde a tempestade atingiu o continente, postes de eletricidade tombaram e estradas ficaram cobertas de galhos de árvores e outros detritos. Mesmo em áreas mais distantes, como a prefeitura de Aichi, uma família de cinco pessoas foi soterrada por um deslizamento de terra na última terça-feira, de acordo com a Divisão de Gestão de Crises da Cidade de Gamagori. Três pessoas, um casal na faixa dos 70 anos e um homem de 30 anos, morreram no incidente. Duas mulheres na faixa dos 40 anos foram retiradas dos escombros e sobreviveram, uma delas com ferimentos graves.
Embora o tufão tenha enfraquecido, ele está se movendo a 10 km/h sobre o Japão, despejando enormes quantidades de chuva. Tempestades mais lentas podem ser mais destrutivas por atingir áreas pontuais com rajadas de vento ou tempestades por horas ou dias. A precipitação já atingiu mais de 50 centímetros em muitas áreas, e a previsão é que os totais podem chegar a 1 metro em algumas regiões isoladas e montanhosas.
O secretário-chefe do gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse nesta quinta-feira que “chuvas recordes são esperadas” e as autoridades estão tentando “avaliar o estado dos danos e implementar medidas de resposta a desastres de emergência”.
Caos no país
Por conta da tempestade, mais de 700 voos foram cancelados e dezenas de seções das principais rodovias que passam por Kyushu foram fechadas. As linhas de trem-bala de Kyushu Shinkansen e Nishi Kyushu Shinkansen também foram pausadas.
“Há temores de que os efeitos do tufão possam se espalhar ainda mais no futuro”, disse Hayashi.
Mais de 255.150 residências em Kyushu ficaram sem energia elétrica nesta manhã, de acordo com a Kyushu Electric Power.
Espera-se que Shanshan vire para o leste e deixe a ilha de Kyushu, enfraquecendo e tornando-se uma tempestade tropical até o final do dia. Ainda assim, o fenômeno continuará a se mover lentamente sobre o sudoeste do Japão, antes de atravessar regiões mais centrais durante o sábado e domingo e até o início da próxima semana.
A principal ameaça continuará sendo as chuvas recordes. Algumas áreas em Shikoku e Honshu devem registrar mais de 50 centímetros de precipitação.