Japão e Austrália selam inédito acordo preliminar para aliança militar
Foram seis anos de negociações sob a ameaça do expansionismo da China para os japoneses concluírem o segundo maior pacto militar de sua história pós-guerra

Frente à ameaça do expansionismo da China na Ásia e no Pacífico, os primeiros-ministros do Japão, Yoshihide Suga, e da Austrália, Scott Morrison, anunciaram em Tóquio nesta terça-feira, 17, a conclusão de um acordo preliminar para um aliança militar inédita na região.
O pacto acordado nesta terça-feira, e chamado de Acordo de Acesso Recíproco, permite que as forças militares de cada um dos dois países realizem treinamentos e operações no território do outro.
Assim, os australianos serão os primeiros militares estrangeiros a terem acesso ao Japão no período pós-Guerra, além das Forças Armadas americanas, com presença contínua no arquipélago japonês desde a década de 1960.
“Na região do Indo-Pacífico, a cooperação de segurança e defesa entre o Japão e a Austrália, que têm a vontade e capacidade de contribuir para a paz e estabilidade regional, está se tornando cada vez mais importante”, disse Suga em entrevista à imprensa com Morrison.
“Nossa parceria estratégica especial se tornou ainda mais forte, em particular porque hoje demos um passo significativo no Japão e na Austrália, chegando a um acordo de princípio sobre um tratado de defesa histórico”, complementou o premiê australiano.
Em um comunicado conjunto, os governos de ambos os países declararam interesse mútuo em desenvolver a aliança para que as forças militares japonesas possam proteger as australianas, e vice-versa, se necessário.
Ambos, Suga e Morrison, criticaram no comunicado a expansão militar chinesa “perigosa” sobre o Mar do Sul da China. Pequim diz estar conduzindo apenas exercícios militares na região, que devem se estender apenas até o final de novembro.
Além disso, Japão e Austrália demonstraram preocupação pelo Mar do Leste da China, onde Pequim questiona a soberania japonesa sobre dois arquipélagos (Senkaku e Okinawa), além da situação do Estado de direito em Hong Kong pós-legislação de segurança nacional.
Diferentemente do Japão, que conta com um histórico de rivalidade militar com a China que antecede até mesmo a Segunda Guerra Mundial, a Austrália viu suas relações com Pequim se deteriorarem excepcionalmente ao longo de 2020.
Após o governo australiano demandar à comunidade internacional uma investigação sobre as origens da pandemia da Covid-19, a China e a Austrália entraram em um conflito tarifário, também potencializado pela guerra do 5G.