As Forças de Defesa de Israel (FDI) têm recrutado africanos requerentes de asilo para lutar na guerra contra o grupo palestino radical Hamas, iniciada há 11 meses, em troca da obtenção de residência permanente no país. A informação foi divulgada no domingo 15 pelo jornal israelense Haaretz. Segundo a reportagem, o processo conta com a “orientação de consultores jurídicos do establishment da Defesa”, sem “considerações éticas”.
Não há registros de que, com a participação no Exército israelense, qualquer um dos 30 mil solicitantes de asilo do continente africano tenham, de fato, obtido o status de residente desde a eclosão do conflito, disse o jornal. A maioria deles é composta por cidadãos sudaneses, geralmente homens jovens, que permanecem em Israel com visto temporário concedido por tribunais enquanto o Estado processa os pedidos.
A partir dos ataques de 7 de outubro, muitos se disponibilizaram a participar de trabalhos agrícolas e de centros de comando civil. Com a alta participação, os militares israelenses teriam se atentado para a possibilidade de usá-los nos campos de batalha contra o Hamas, usando a aquisição da residência como uma forma de incentivo. Os selecionados passaram, então, por duas semanas de treinamento em combate.
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Críticos silenciados
O Haaretz citou fontes militares, sob condição de anonimato, que revelaram que os requerentes já participaram de “várias operações”, incluindo algumas relatadas pela imprensa, apesar de críticas internas de que a ação explorava “pessoas que fugiram de seus países devido à guerra”. Os militares contrários à iniciativa foram silenciados, de acordo com o jornal.
“Este é um assunto muito problemático. O envolvimento de juristas não absolve ninguém da obrigação de considerar os valores pelos quais buscamos viver em Israel”, disse uma das fontes ao Haaretz.
O texto também indicou que o Ministério do Interior cogitou recrutar filhos de pessoas que aguardavam pelo asilo e que foram educados em escolas israelenses. Em troca, todos os familiares imediatos receberiam o benefício. Por sua vez, o Ministério alegou que as operações são conduzidas dentro da legalidade.