Quatro palestinos foram mortos nesta quinta-feira, 29, após ataque de Israel ao primeiro veículo de um comboio com suprimentos médicos e combustível que seguia rumo ao Hospital do Crescente Vermelho dos Emirados, na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza. As vítimas trabalhavam empresa de transporte local. O ataque aéreo aconteceu sem comunicação às instituições de ajuda humanitária, segundo a ONG American Near East Refugee Aid (Anera), responsável pelo comboio.
Em comunicado, a Anera afirmou que o plano “exigia guardas de segurança desarmados no comboio, aderindo ao acordo permanente estrito da Anera com a Move One”, empresa de transporte do grupo. O texto informou que “quatro membros da comunidade com experiência em missões anteriores e envolvimento na segurança comunitária com a Move One se apresentaram e assumiram o controle do veículo da frente” por preocupações de que “a rota não era segura e corria risco de ser saqueada”.
Pouco depois, o comboio foi alvo de mísseis israelenses por supostamente transportar “inúmeras armas”, informação que a Anera nega. Apesar do ataque, o comunicado anunciou que “o restante do comboio continuou sua missão e entregou com sucesso o auxílio essencial”, acrescentando que a ONG “coordenou com os Emirados Árabes Unidos 24 remessas anteriores para o Hospital do Crescente Vermelho dos Emirados desde maio”.
“De acordo com todas as informações que temos, este é um caso de parceiros no terreno se esforçando para entregar ajuda com sucesso”, disse o presidente e CEO da Anera, Sean Carroll, na nota. “Isso não deve acontecer ao custo de vidas das pessoas.”
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Posicionamento de Israel
Israel, por sua vez, alegou à agência de notícias Associated Press que militares estavam “monitorando a situação” e identificaram “indivíduos armados se juntando a um dos carros de um comboio da Anera e começando a liderar o comboio”. As autoridades israelenses afirmaram ainda que “um ataque foi realizado visando os indivíduos armados”, assim que foram descartados “possíveis danos aos caminhões”.
“Nós enfatizamos que a presença de indivíduos armados não foi coordenada, e eles não faziam parte do comboio pré-coordenado — conforme observado na declaração da Anera sobre o incidente”, afirmou a ONG.
Não é a primeira vez que Tel Aviv abre fogo contra trabalhadores humanitários. O Programa Mundial de Alimentos, que interrompeu momentaneamente as operações em Gaza após tiroteios israelenses contra seus veículos, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a ONG World Central Kitchen (WCK) também registraram ataques.
Mais de 40 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro, quando o grupo palestino radical Hamas matou 1.200 israelenses e levou mais de 200 pessoas como reféns. Com o aumento da violência nas operações de Israel na Faixa de Gaza, cerca de 1,9 milhão de pessoas em Gaza foram deslocadas internamente, segundo as Nações Unidas, que também alertaram para “fome generalizada” no enclave.