Israel intensifica bombardeios em Gaza em dia de negociações de cessar-fogo na Casa Branca
Ao menos 25 são mortos em uma noite; representante de Netanyahu deve chegar a Washington nesta segunda-feira após Trump exigir: 'Fechem um acordo'

Tanques israelenses avançaram para o leste do subúrbio de Zeitoun, na Cidade de Gaza, e bombardearam diversas áreas no norte do enclave palestino na madrugada desta segunda-feira, enquanto aeronaves atingiram pelo menos quatro escolas transformadas em abrigos após ordenarem que centenas de famílias deixassem os locais, afirmou a agência de notícias Reuters. Ao menos 25 pessoas foram mortas – dez delas em Zeitoun – com a intensificação dos ataques a Gaza, que ocorre no dia em que as negociações sobre um cessar-fogo na guerra Israel-Hamas devem ser retomadas na Casa Branca.
Testemunhas relataram à Reuters o que descreveram como uma das piores noites de bombardeios israelenses em semanas. “As explosões não paravam, pareciam terremotos”, disse um morador da Cidade de Gaza, no norte do enclave. O Exército de Israel ordenou que a população palestina se dirija para o sul do território, afirmando que planejava combater militantes do Hamas que operam no norte.
Enquanto isso, um representante do governo do premiê Benjamin Netanyahu deve chegar a Washington nesta segunda-feira, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter exigido o fim da guerra que se arrasta há vinte meses. “Fechem o acordo em Gaza, resgatem os reféns”, comandou num post na Truth Social, sua rede social.
O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, um confidente de Netanyahu, é esperado na Casa Branca para conversas sobre o Irã e Gaza, informou uma autoridade israelense, segundo a Reuters. Em Israel, por sua vez, o gabinete de segurança de Bibi terá uma reunião para discutir os próximos passos em Gaza.
Retorno à mesa de negociações?
Na sexta-feira, o chefe do Estado-Maior Geral, Eyal Zamir, disse que a atual operação terrestre estava perto de atingir seus objetivos e, no domingo, Netanyahu afirmou que novas oportunidades se abriram para a recuperação dos cerca de cinquenta reféns, dos quais se acredita que vinte ainda estejam vivos.
De acordo com a Reuters, mediadores do Catar e do Egito intensificaram seus contatos com os dois lados em conflito, mas ainda não há uma data definida para uma nova rodada de negociações de trégua.
Uma autoridade do Hamas afirmou à agência de notícias que qualquer progresso depende de Israel – e que o país precisa concordar em encerrar a guerra e retirar suas forças de Gaza completamente. Tel Aviv, porém, afirma que só poderá pôr fim ao conflito quando o grupo palestino for desarmado e desmantelado. O Hamas se recusa a depor as armas.
A guerra começou quando combatentes do Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e levaram 252 reféns de volta para Gaza em um ataque surpresa.
A resposta militar israelense matou quase 57 mil palestinos, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, deslocou quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas e mergulhou o enclave em uma crise humanitária. Mais de 80% do território é agora uma zona militarizada por Israel ou está sob ordens de retirada, de acordo com as Nações Unidas.