As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) realizaram uma série de bombardeios no sul do Líbano nesta segunda-feira, 2, em resposta ao lançamento de morteiros pelo Hezbollah na região do Monte Dov. Este foi o primeiro confronto direto entre Israel e a milícia libanesa desde o início de um cessar-fogo na última quarta-feira 27, mas autoridades dos Estados Unidos afirmaram que o acordo de trégua continua em vigor.
O ataque aéreo israelense resultou na morte de pelo menos duas pessoas, de acordo com as autoridades libanesas. Segundo as forças de Tel Aviv, a ofensiva foi direcionada contra veículos militares associados ao Hezbollah em Bekaa, área estratégica no sul do Líbano, conhecida pela presença da milícia. O exército de Israel confirmou a operação.
O Hezbollah justificou o lançamento de morteiros como um “aviso inicial” contra as violações israelenses do espaço aéreo libanês e do cessar-fogo. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por sua vez, classificou o incidente como uma “grave violação” do acordo e prometeu uma resposta “firme e proporcional”.
Cessar-fogo instável
Segundo o acordo mediado por Estados Unidos e França, o Hezbollah e Israel devem retirar suas forças do sul do Líbano, enquanto o exército nacional libanês e as forças de paz da ONU assumem a responsabilidade pela região. No entanto, os últimos dias foram marcados por acusações mútuas de infrações. O grupo armado denunciou sobrevoos israelenses em Beirute e bombardeios pontuais, enquanto Israel apontou movimentações de combatentes ao sul do rio Litani, região fora dos limites segundo os termos da trégua.
Autoridades americanas, incluindo o enviado especial para o Oriente Médio Amos Hochstein, têm atuado como mediadores para evitar uma escalada do conflito. “Embora reconheçamos alguns incidentes, o cessar-fogo ainda está sendo respeitado em sua essência”, afirmou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
A França, que integra o comitê de monitoramento do acordo, acusou Israel de múltiplas violações, incluindo 52 incidentes registrados desde o início do cessar-fogo. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, declarou que as ações israelenses são necessárias para garantir o cumprimento da trégua diante das transgressões do Hezbollah. “A presença armada do grupo ao sul do Litani é a maior infração possível”, destacou ele.
O acordo deveria encerrar os mais de 14 meses de confrontos esporádicos iniciados em outubro de 2023, quando o Hezbollah se alinhou aos ataques do Hamas contra Israel. Desde então, as hostilidades deslocaram mais de 1 milhão de civis no Líbano, onde 3.600 pessoas morreram, e cerca de 60 mil pessoas no norte israelense.