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Irã solta temporariamente vencedora do Nobel da Paz por motivos de saúde

Família chama medida de 'inadequada' e exige 'libertação imediata e incondicional' de Narges Mohammadi, ativista de direitos humanos presa desde 2021

Por Da Redação 4 dez 2024, 09h54

O Irã libertou temporariamente a vencedora do Nobel da Paz Narges Mohammadi, presa há mais de três, por motivos médicos, disse seu advogado nesta quarta-feira, 4. Ela terá uma licença médica de três semanas, o que sua família considerou como “inadequado”.

“Com base no conselho do médico examinador, o promotor público suspendeu a pena de prisão contra Narges Mohammadi por três semanas e ela foi libertada da prisão”, disse Mostafa Nili no X (antigo Twitter).

A família e os apoiadores da ganhadora do Nobel de 2023, quando acumulava no histórico 13 prisões e uma condenação, que totaliza 31 anos de encarceramento e 154 chicotadas, chamaram sua liberação temporária de “inadequada”.

“Uma suspensão de 21 dias da sentença de Narges Mohammadi é inadequada. Exigimos a libertação imediata e incondicional de Narges Mohammadi ou pelo menos uma extensão de sua licença para três meses”, disseram seus parentes em um comunicado, descrevendo a medida como “muito pouco, e muito tarde”.

Vida atrás das grades

Em 2023, Narges Mohammadi recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela defesa dos direitos humanos e da liberdade para seu povo. Entre idas e vindas, a iraniana, conhecida também por sua ferrenha oposição à pena de morte no país, tem estado na prisão desde 1998 em função de seu ativismo.

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A mais recente detenção ocorreu em 2021, quando foi enviada à penitenciária de Evin, em Teerã, onde vive em condições muito insalubres. Em agosto de 2024, sua saúde se deteriorou devido a uma combinação de condições médicas preexistentes, falta de atendimento médico oportuno e incidentes recentes de violência física na prisão de Evin. A Free Narges Coalition, iniciativa internacional para apoiar e promover a libertação da ativista iraniana, está alarmada com relatos de que ela foi agredida junto com outras prisioneiras em conexão com seu protesto pacífico.

+ Prêmio Nobel da Paz 2023, Narges Mohammadi é vítima de violência em prisão do Irã

“Estamos investigando relatos de que Mohammadi sofreu dor torácica aguda e um ataque respiratório como resultado”, disse a organização por meio de comunicado. Desde sua detenção em novembro de 2021, ela foi hospitalizada várias vezes, incluindo em fevereiro de 2022, quando teve um bloqueio de 75% em uma de suas principais artérias coronárias, necessitando de angioplastia de emergência e colocação de um stent.

Semanas após a cerimônia do prêmio da paz de 2023 em Oslo, onde os filhos de Mohammadi receberam o Nobel em seu nome, um tribunal no Irã a condenou a mais 15 meses, acusando-a de espalhar propaganda contra o estado enquanto estava na prisão. Quando seu pai morreu no início deste ano, ela não foi autorizada a comparecer ao seu funeral.

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O apoio das instituições de direitos humanos ao redor do mundo tem sido de fundamental importância para mantê-la segura e para trazer luz às pautas que ela continua defendendo.

“Estas ações dão aos ativistas civis e políticos no Irã a oportunidade de fazerem as suas vozes serem ouvidas pelo mundo”, escreveu o jornalista Taghi Rahmani, marido da iraniana, por e-mail a VEJA.

Ativismo

Mesmo presa desde 2016, cumprindo pena de 10 anos e 6 meses, Narges continua na linha de frente do combate. Ela é vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, organização não governamental liderada pela jurista Shirin Ebadi, outra revolucionária iraniana que também foi agraciada com a premiação em 2003.

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Sua postura combativa foi gestada quando ainda era estudante, aos 32 anos, e resultou nas duras consequências da repressão iraniana.

“Meu objetivo naquela época era combater a tirania religiosa, que junto com a tradição e os costumes sociais levou à profunda repressão das mulheres no Irã”, escreveu ela em um artigo para o jornal americano The New York Times em 16 de setembro de 2023, data do primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini, de 22 anos, uma jovem curda que pereceu sob a custódia da polícia da moralidade iraniana.

O incidente levou a um levante de protestos entre as mulheres contra a repressão de Teerã, um movimento que ficou conhecido como Mulher, Vida, Liberdade e repercutiu pelo mundo inteiro.

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