O Irã realizou nesta quinta-feira, 1°, uma procissão fúnebre para homenagear o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na véspera na capital iraniana, Teerã. A cerimônia foi marcada por pedidos de vingança contra Israel, que foi responsabilizado pela morte da liderança.
Uma multidão acompanhou o corpo de Haniyeh e de seu guarda-costas, também morto no ataque aéreo de quarta-feira, durante uma procissão fúnebre de 5 quilômetros que saiu da Universidade de Teerã em direção à Praça Azadi (Liberdade), segundo a agência de notícias iraniana Mehr News. Após a procissão, o corpo do chefe do Hamas será levado para a capital do Qatar, Doha, onde será enterrado nesta sexta-feira, 2.
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, liderou as orações do rito após proclamar três dias de luto nacional. No dia anterior, prometeu uma “punição severa” contra Israel, afirmando que era “dever” de seu país vingar o assassinato de Haniyeh.
Durante a cerimônia, o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, disse que seu país “certamente cumprirá a ordem do líder supremo” por uma retaliação. “É nosso dever responder na hora certa e no lugar certo”, completou ele, enquanto a multidão pedia “Morte à Israel e aos Estados Unidos”.
O chefe de relações externas do Hamas, Khalil al-Hayya, prometeu perseguir Israel até que o país “seja arrancado da terra palestina”.
“O slogan de Ismail Haniyeh, ‘Não reconheceremos Israel’, continuará sendo um slogan imortal”, completou ele.
Os caixões com um padrão preto e branco que remete ao lenço de keffiyeh palestino foram cobertos com bandeiras palestinas e transportados por um caminhão coberto de flores.
Aumento das tensões
Os ataques atribuídos a Israel em solo iraniano e, antes disso no Líbano, aumentam o temor de um conflito em maior escala no Oriente Médio. Tel Aviv se recusou a comentar sobre a morte de Haniyeh, mas assumiu a autoria do ataque a um prédio em Beirute, capital libanesa, na terça-feira, que matou Fuad Shukr. O alvo era comandante da facção libanesa Hezbollah, aliada do Hamas e financiada pelo Irã.
Após a morte de Haniyeh, presidente recém-empossado do Irã, Masoud Pezeshkian, prometeu “defender seu território” e fazer os autores do ataque “se arrependerem de sua ação covarde”.
Enquanto isso, as autoridades internacionais pediram que os esforços sejam centrados em um cessar-fogo em Gaza e na libertação de reféns. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, apelou na quinta-feira para que “todas as partes” no Oriente Médio “parem as ações escalonadas”.
No entanto, o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, mediador-chave nas negociações pelo fim da guerra, disse que o assassinato de Haniyeh colocou em dúvida todo o processo de negociações. “Como a mediação pode ser bem-sucedida quando um dos lados assassina o negociador do outro lado?”, questionou.