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Investigação da ONU conclui que jornalista foi morta por forças de Israel

Shireen Abu Akleh foi baleada na cabeça enquanto cobria os ataques israelenses no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia

Por Da Redação Atualizado em 24 jun 2022, 19h52 - Publicado em 24 jun 2022, 18h16

A Organização das Nações Unidas afirmou nesta sexta-feira, 24, que o tiro que matou a jornalista palestino-americana da rede Al Jazeera na Cisjordânia, Shireen Abu Akleh, partiu das forças de Israel e não de palestinos, após uma investigação sobre o caso. 

“É profundamente perturbador que as autoridades israelenses não tenham conduzido uma investigação criminal. Todas as informações que obtivemos, incluindo as do Exército israelense, mostram que os tiros partiram das forças de segurança de Israel, e não dos palestinos”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU, em comunicado. 

+ Forças de Israel mataram jornalista deliberadamente, conclui investigação

Em maio, Shireen Abu Akleh, de 51 anos, foi baleada na cabeça enquanto cobria os ataques israelenses no campo de refugiados de Jenin. Ela foi levada para um hospital antes de morrer. O Exército de Israel disse que estava envolvido em um confronto no campo, mas investigava a possibilidade de que “ela tenha sido baleada por um atirador palestino”.

Em um comunicado, a Al Jazeera acusou as forças israelenses de matar Shireen “a sangue frio” e disse que ela estava “claramente usando uma jaqueta de imprensa que a identifica como jornalista”. 

As Forças de Defesa de Israel se disseram comprometidas em investigar a morte da repórter e pediram às autoridades palestinas que compartilhassem o acesso à bala que a matou, pedido negado pela Autoridade Palestina, que diz não confiar em Israel. 

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“Os resultados da investigação da ONU confirmam mais uma vez o que dissemos desde o início, que Israel é responsável pelo assassinato da jornalista Shireen Abu Akleh e deve ser responsabilizado por esse crime”, disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino, à Reuters. 

O resultado da nova investigação corrobora a informação divulgada pelo jornal The New York Times na última segunda-feira, 20, que aponta que a bala foi disparada provavelmente por um soldado de elite israelense. Segundo Shamdasani, o órgão internacional utilizou seus próprios métodos e analisou imagens, vídeos e material de áudio do local, além de ter ouvido testemunhas, consultado especialistas e revisado comunicações oficiais. 

“Todas as informações que coletamos são consistentes com a constatação de que os tiros vieram das Forças de Segurança de Israel e não de disparos indiscriminados por palestinos armados, como inicialmente reivindicado pelas autoridades israelenses”, disse ela.

+ Jornalista é morta por forças de Israel na Cisjordânia, diz emissora

Em resposta, as Forças de Defesa de Israel insistiram que houve uma troca de tiros entre os envolvidos e afirmaram que sua investigação concluiu que “claramente a jornalista não foi vítima de um tiro indiscriminado e que não é possível determinar de onde foi efetuado o disparo”.

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Antes disso, o Exército israelense já havia dito que, caso a bala tenha saído de um de seus soldados, isso não implicaria necessariamente em uma conduta criminosa, uma vez que “Abu Akleh foi assassinada em meio a uma zona de combate”. Em outro comunicado, as Forças Armadas do país disseram ainda ter encontrado o rifle de um soldado que poderia ter matado a repórter, mas que precisavam de tempo para analisar a bala para ter certeza. 

Israel tem sido crítico às declarações da ONU que questionam a forma como as relações se desenvolvem com a Autoridade Palestina na região. No início deste mês, um relatório divulgado pelo órgão atribuiu que o ciclo de violência local, que tem se intensificado, é causado pela ocupação de territórios palestinos pelos israelenses. 

+ Polícia israelense ataca pessoas em funeral de jornalista baleada

A porta-voz disse ainda que foram registradas 58 mortes de palestinos na Cisjordânia por forças de Israel, incluindo 13 crianças, e instou o governo a iniciar investigações criminais para apurá-las, concluindo que “os autores devem ser responsabilizados”. 

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