A Inglaterra e o País de Gales passarão a proibir a partir desta quinta-feira, 1, cães não registrados da raça American Bully XL como parte de uma tentativa do governo de reduzir o número de ataques violentos. A restrição já havia sido anunciada pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, em setembro do ano passando, dias após um homem ter sido morto por um cachorro da raça.
“Está claro que não se trata de um punhado de cães mal treinados, é um padrão de comportamento e não pode continuar”, escreveu o premiê no X, antigo Twitter.
Até o momento, cerca de 30 mil Bullies foram registrados para que seus donos recebam um certificado de isenção, de forma a permitir a permanência dos animais. O documento, no entanto, demanda que os pets usem focinheira em público e sejam esterilizados para impedir a reprodução. A longo prazo, o plano do governo prevê o desaparecimento da raça dos horizontes ingleses e galeses.
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Escalada de ataques
Em entrevista à agência de notícias Reuters, a escritora Sonia Faleiro, 46 anos, relembrou um episódio traumático. Três cães ‘XL Bully’ mataram sua cadela, Zoey, da raça Jack Russell, e feriram seu marido, que tentava separar os animais. Desesperada, a filha, que não teve nome e idade identificados, testemunhou a morte do animal de estimação e as mordidas contra o pai.
“Mesmo enquanto ele estava lutando contra esse cachorro e tentando libertar Zoey das mandíbulas do cachorro, os outros dois cachorros entraram na briga e tentaram agarrar Zoey como se ela fosse um brinquedo e eles iriam despedaçá-la”, contou.
Um levantamento do grupo de campanha Bully Watch, que defende a proibição da venda e criação da raça American Bully, estima que eles foram responsáveis por mais da metade de todos os ataques fatais de cães na Grã-Bretanha em 2022. No ano passado, uma menina de 11 anos também foi alvo de mordidas, enquanto caminhava para fazer compras com a irmã na cidade inglesa de Birmingham.
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Críticas à medida
Ainda no ano passado, diferente instituições britânicas defensoras do bem-estar animal criticaram a declaração do primeiro-ministro e afirmaram que proibir raças específicas de cães não é a solução. Em uma declaração conjunta, eles indicaram que as medidas deveriam ser voltadas para “regulamentações de controle de cães e na promoção da posse e treinamento responsável de cães”, não para o banimento.
Maior instituição de caridade britânica para o bem-estar animal, a RSPCA admitiu que são necessárias regras para a proteção do público. Ao mesmo tempo, se opôs à rígida legislação, acrescentando que “a raça não é um indicador bom ou confiável de risco de comportamento agressivo”.