Indiferença da comunidade internacional sobre Gaza ‘é chocante’, diz Lula
Presidente elevou o tom contra o que chamou de "punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a elevar o tom contra o que chamou de “punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino”. Em discurso nesta sexta-feira, 1, na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas, o petista alertou que a “tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta”.
Depois de ressaltar pontos ligados à região, como defender o fim do bloqueio a Cuba e a soberania argentina nas Malvinas, Lula afirmou que, em um mundo em que gastos militares globais ultrapassam 2 trilhões de dólares ao ano, é preciso “recuperar o espírito de solidariedade, diálogo e cooperação”.
“As pessoas estão morrendo na fila para obter comida. A indiferença da comunidade internacional é chocante”, disse.
O petista aproveitou a presença então do secretário-geral da ONU, António Guterres, para propor uma moção da Celac “pelo fim imediato desse genocídio”.
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“Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança”, ressaltando que “as vidas de milhares de mulheres e crianças inocentes estão em jogo”, completou.
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro condenou o ataque de Israel contra civis palestinos que estavam em uma fila por comida na Cidade de Gaza, no norte do enclave. O incidente, que ocorreu no meio de uma multidão aglomerada ao redor de caminhões de ajuda humanitária, levou à morte de ao menos 104 pessoas e feriu mais de 750 por tiros, pisoteio ou atropelamento.
“O governo [do primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão”, disse o Itamaraty em comunicado.
O texto reafirmou o repúdio do Brasil “a toda e qualquer ação militar contra alvos civis, sobretudo aqueles ligados à prestação de ajuda humanitária e de assistência médica” e voltou a pedir um cessar-fogo imediato.