Grandes incêndios devastam as florestas tropicais das ilhas de Sumatra e Bornéu, na Indonésia, nesta terça-feira, 10. A fumaça tóxica forçou as autoridades a suspenderem as aulas em centenas de escolas no sudeste da Ásia.
Jacarta vem mobilizando milhares de agentes adicionais desde agosto para impedir o alastramento das chamas e a repetição dos incêndios de 2015, os mais graves em duas décadas. Na ocasião, a região foi “asfixiada” pela fumaça, e a Indonésia enfrentou uma disputa diplomática por ter causado tamanha emissão de poluentes.
Um estudo americano indica que os incêndios de 2015 provocaram mais de 100.000 mortes prematuras por doenças respiratórias e de outros tipos. O presidente indonésio, Joko Widodo advertiu no mês passado que funcionários do governo seriam demitidos se não conseguissem acabar com os incêndios florestais.
Também se acredita que a queimada para a agricultura é a causa dos enormes incêndios que atualmente devastam a Amazônia. Especialistas acreditam que eles poderiam ter um sério impacto na mudança climática.
Assim como acontece em partes da Amazônia atingidas por incêndios, as queimadas na Indonésia são atribuídas a pequenos agricultores que ainda se valem desse recurso para desmatar e limpar terrenos para o plantio. No caso da Amazônia, há também as ações ilegais de mineradores, garimpeiros e grileiros.
Os ecologistas indonésios pediram uma campanha do governo contra o uso das queimadas como sistema de limpeza da terra. “Esperamos que o governo faça cumprir a lei contra as pessoas negligentes que permitiram a queimada de suas terras”, declarou Rudi Syaf, diretor do grupo Verde da Comunidade de Conservação da Indonésia.
Quase 400 escolas permanecem fechadas nesta terça-feira em nove distritos do estado de Sarawak, em Bornéu. Mais de 150.000 alunos foram afetados, de acordo com a secretaria de Educação. Na província indonésia de Jambi, em Sumatra, alguns jardins de infância permanecerão fechados até sexta-feira, 13.
As escolas de ensino fundamental e médio também suspenderam as aulas, mas as autoridades provinciais não divulgaram números precisos sobre estudantes afetados. O prefeito de Jambi, Syarif Fasha, pediu aos moradores que utilizem máscaras de proteção.
“Isto é realmente aterrorizante”, afirmou Atiah, morador de Jambi. “Estou tossindo e tenho dificuldades para respirar. Não sei o que vai significar para minha saúde”, completou.
Malásia
O cheiro da queimada domina a região sudeste da Ásia. A qualidade do ar caiu a níveis “insalubres” em Kuala Lumpur, capital da Malásia, de acordo com o índice de poluentes atmosféricos determinado pela agência nacional de gestão de desastres. Mais de 500.000 máscaras serão enviadas ao comitê de desastres do estado de Sarawak, o mais atingido.
Os moradores e visitantes relatam problemas respiratórios e reclamam de problemas de vista. “Os olhos doem e a fumaça provoca problemas respiratórios”, declarou em Kuala Lumpur a turista indonésia Indah Sulistia. “A neblina também cria problemas para tirar fotos.”
Na segunda-feira 9, o governo malaio planejava uma semeadura de nuvens para induzir a chuva e limpar o ar, liberando certos produtos químicos, embora alguns cientistas questionem a eficácia do método.
(Com AFP)