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Incêndio é perda para toda a humanidade, diz professor de Coimbra

Para o estudioso, a destruição é uma responsabilidade moral, mais do que política, dos órgãos de financiamento do museu

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 set 2018, 18h20 - Publicado em 3 set 2018, 17h02

O incêndio que atingiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro neste domingo, 2, afligiu todo o mundo. Para o professor e ex-diretor do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, Paulo Gama Mota, a tragédia é uma grande perda não só para a história do Brasil e de Portugal, mas para toda a humanidade.

O Museu Nacional é a mais antiga instituição científica do país completou 200 anos em junho. Possuía um dos mais importantes acervos de história natural da América Latina, além de peças de extremo valor histórico que pertenceram às coroas brasileira e portuguesa.

“Um incêndio em um museu das dimensões do Museu Nacional é uma perda para a história da humanidade”, afirma o biólogo e antropólogo. “E também não é qualquer perda para a história de Portugal. O edifício foi o palácio do imperador, portanto, há uma ligação muito próxima entre meu país e aquele espaço”, afirma.

Mota lembra também que grande parte do dote da imperatriz Teresa Cristina, casada com dom Pedro II, estava exposta no museu. Segundo o professor, os bens incluíam relíquias do Egito Antigo, peças trazidas de Pompeia e muitos outros artefatos que compõem a história italiana, já que a imperatriz era da Casa de Bourbon das Duas Sicílias.

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Além disso, muitas peças do mobiliário usado por dom João VI quando viveu no local ainda permaneciam em exposição. “Vários móveis que foram usados nos barcos, na vinda da família real para o Brasil, e outros que foram construídos aí estavam no museu”, afirma o professor de Coimbra.

“Há aqui uma responsabilidade moral, mais do que política, dos responsáveis por financiar esse museu”.

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O prédio onde fica o museu era antes conhecido como Palácio de São Cristóvão e foi doado ao príncipe regente dom João VI em 1808 por um comerciante. Tornou-se a residência oficial da família real no Brasil entre 1816 e 1821.

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Foram os integrantes da família real que começaram as coleções que deram origem ao museu, fundado oficialmente em 1818.

Na antiga residência, a princesa Leopoldina, casada com dom Pedro I, assinou a declaração de independência do Brasil em 1822. Anos depois, também foi palco da primeira Assembleia Constituinte da República, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, que marcou o fim do império no Brasil.

De seu acervo com mais de 20 milhões de itens, destacavam-se a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador dom Pedro I, e a coleção de arte e artefatos greco-romanos da imperatriz Teresa Cristina.

O museu exibia ainda o esqueleto do Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte a ser montado no Brasil, proveniente de Minas Gerais, e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de Luzia.

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