A chefe do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta quinta-feira, 8, estar profundamente preocupada com o impacto que as novas sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela podem ter na vida da população.
“Receio que tenham grandes implicações para os direitos à saúde e à alimentação, particularmente em um país onde já existe uma situação séria de escassez de bens essenciais”, afirmou Bachelet em comunicado.
Na segunda-feira 5, o governo de Donald Trump anunciou o congelamento de todos os bens estatais do governo venezuelano em território americano e proibiu transações com o regime de Nicolás Maduro. No começo do ano, Washington já haviam congelado 7 bilhões de dólares da petroleira venezuelana PDVSA nos Estados Unidos.
Segundo a ex-presidente do Chile, ainda que as sanções não estejam ligadas diretamente a bens como alimentos, roupas e remédios, podem prejudicar a população ao piorar os efeitos da crise econômica e afastar empresas e instituições financeiras internacionais.
As restrições impostas pelos Estados Unidos nos últimos meses ainda dificultam a exportação pela Venezuela do petróleo, que é praticamente a única fonte de renda atual do país.
Bachelet acrescentou ainda que em casos anteriores sanções muito restritivas afetaram negativamente os direitos fundamentais da população, incluindo seus direitos econômicos, bem como seus direitos à alimentação, saúde e acesso à assistência humanitária.
“Peço que os atores que possam ter influência – tanto na Venezuela quanto na comunidade internacional – trabalhem juntos e construtivamente na solução política dessa prolongada crise no país, colocando em primeiro plano os direitos humanos das pessoas que sofrem na Venezuela”, concluiu Michelle Bachelet.
Nesta quinta, Nicolás Maduro anunciou o cancelamento das negociações com a oposição em resposta às sanções americanas. O regime chavista tenta chegar a um acordo com os oposicionistas liderados pelo autoproclamado presidente interino e líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó.
Em busca de acolhimento
Todos os dias, cerca de 250 venezuelanos cruzam a fronteira de seu país com o Brasil para fugirem do regime de Nicolás Maduro e da miséria que atinge mais de 90% da população. VEJA acompanhou a saga dessas pessoas que buscam reconstruir sua vida em nosso país.