Imigração e Lula pressionado: os riscos para o Brasil de uma guerra entre EUA e Venezuela
De troca de farpas a promessas de ataques, escalada das tensões entre Trump e Maduro dá contornos a um possível conflito militar direto
A escalada das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, resultado do envio de tropas americanas ao Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico, dá contornos a um possível conflito militar direto. Nesta terça-feira, 2, o presidente dos EUA, Donald Trump, adiantou que ataques contra alvos dentro do território venezuelano começarão “em breve”, sem descartar operações por terra. A advertência acaba por levantar um ponto de interrogação inquietante: em caso de guerra no país ao lado, quais serão as consequências para o Brasil?
Há uma gama de cenários. Em primeiro lugar, um confronto Washington-Caracas impulsionaria o fluxo de imigrantes venezuelanos para o Brasil, que divide uma fronteira de 2.200 quilômetros com a Venezuela. Na divisa, Roraima e Amazonas já sofrem de sobrecarga nos serviços pela chegada dos vizinhos, enquanto casos de xenofobia disparam. Entre 2015 e 2024, ao menos 568 mil venezuelanos entraram no território brasileiro, de acordo com dados das Nações Unidas. Uma guerra só agravaria o panorama.
Roraima estaria no centro de potenciais problemas. O professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel, alerta para uma possível crise energética no estado brasileiro, o único que não está vinculado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “Qualquer instabilidade na Venezuela pode causar uma instabilidade no fornecimento de eletricidade para Roraima”, alerta ele.
” O estado poderia estar a mercê de apagões e desabastecimento de energia, o que seria muito prejudicial para a economia local, para a população de modo geral e até mesmo para a questão de ordem e segurança pública”, continua Uebel.
+ Trump diz que ataques contra alvos dentro da Venezuela começarão ‘em breve’
Lula pressionado
Embates na fronteira são fonte de preocupação, com risco de prejuízos econômicos ao Brasil. “Estamos falando de uma região muito estratégica para o Estado brasileiro, que é a Amazônia, uma região de escoamento de produção, de chegada de bens, de trânsito de pessoas, uma região estratégica logística de toda a região Norte”, diz o internacionalista.
A diplomacia também seria forçada a entrar em campo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conhecido pela proximidade com Maduro, seria pressionado a tomar um posicionamento em um momento em que tenta aproximar as relações com os Estados Unidos, flageladas pelas tarifas americanas sobre produtos brasileiros e pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump. Para além do jogo com o republicano, a imagem do Brasil como bastião da paz no continente pode ser maculada.
“O Brasil é visto internacionalmente como uma espécie de síndico da América do Sul. Um país que, pelo peso e envergadura que tem em termos populacionais, territoriais e econômicos, coloca-se como garantidor da ordem, paz e estabilidade no território sul-americano, agindo na mediação de tensões e buscando evitar conflagrações e crises entre vizinhos”, explica o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Paulo Velasco.
“Se houver, de fato, um cenário de escalada que leve a alguma forma de conflagração, isso será um fracasso diplomático. O Brasil terá se mostrado incapaz de atuar nessa crise, por mais que tenha apelado às duas partes para buscar entendimento. É um custo de imagem, será uma derrota”, acrescentou ele.
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