Um relatório da ONG internacional Human Rights Watch divulgado nesta quinta-feira, 14, acusou Israel de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza por provocar o deslocamento forçado de dezenas de milhares de palestinos. Segundo as Nações Unidas, mais de 90% da população do enclave, que antes da guerra era de 2,3 milhões de pessoas, foi deslocada pela guerra.
Este é o mais recente de uma série de alertas partido de ONGs, grupos de ajuda e órgãos internacionais sobre a situação humanitária calamitosa no enclave, cercado há mais de um ano.
“A Human Rights Watch descobriu que o deslocamento forçado tem sido generalizado, e as evidências mostram que tem sido sistemático e parte de uma política de estado. Tais atos também constituem crimes contra a humanidade”, destacou o relatório.
A organização acrescentou que Tel Aviv “provavelmente” planeja que o deslocamento de palestinos seja permanente nas “zonas de amortecimento e corredores de segurança”, uma ação que, segundo o texto, equivaleria a uma “limpeza étnica”.
Nem o exército israelense nem o Ministério das Relações Exteriores comentaram o relatório, mas as autoridades israelenses já rejeitaram anteriormente acusações semelhantes e afirmam que suas forças operam em conformidade com a lei internacional.
Deslocamentos
A lei da guerra proíbe o deslocamento forçado de populações civis em territórios ocupados, a menos que isso seja necessário para a segurança de civis ou por razões militares imperativas.
Israel invadiu a Faixa de Gaza no ano passado, depois que terroristas liderados pelo Hamas atacaram comunidades no sul do país, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250 como reféns. Desde então, a campanha militar israelense matou mais de 43.500 pessoas, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, e destruiu grande parte da infraestrutura do enclave.
No mês passado, soldados israelenses retiraram dezenas de milhares de pessoas de áreas no norte do enclave, com objetivo de destruir as forças do Hamas que os militares dizem estar se reagrupando em torno das cidades de Jabalia, Beit Lahiya e Beit Hanoun.
Anteriormente, os militares israelenses negaram tentar criar zonas de proteção permanentes. O novo ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, disse na segunda-feira 11 que os palestinos deslocados no norte de Gaza seriam autorizados a retornar às suas casas no fim da guerra.