No primeiro discurso desde a morte do líder Hassan Nasrallah no fim de semana, o vice-líder da milícia libanesa Hezbollah, Naim Qassem, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o grupo e seus combatentes estão prontos para qualquer invasão terrestre de Israel ao Líbano.
“Estamos prontos para caso os israelenses decidam entrar por terra, nossas forças de resistência estão prontas para um combate terrestre”, disse Qassem, acrescentando que Israel não alcançará seus objetivos.
Com a morte de Nasrallah e de outras autoridades seniores, Qassem afirmou que a milícia libanesa escolherá novos nomes para preencher os cargos de liderança “o mais rápido possível”.
“Nós venceremos como vencemos na libertação de 2006 diante do inimigo israelense”, completou, referindo-se ao último grande conflito entre os dois inimigos.
No sábado, o Hezbollah confirmou a morte de Nasrallah durante um ataque aéreo em Beirute no dia anterior. Ele esteve na liderança do Hezbollah desde 1992 e foi o responsável por levar o grupo para a vida política do Líbano.
Ataques ao Líbano
A declaração de Qassem ocorre enquanto Israel intensifica seus ataques ao Líbano, tendo matado cerca de 1.000 libaneses, incluindo mulheres e crianças, e vários comandantes do Hezbollah nas últimas duas semanas. Horas antes da fala nesta segunda-feira, o líder do grupo militante palestino Hamas no Líbano, Fatah Sharif Abu al-Amine, foi morto por um ataque aéreo israelense a um campo de refugiados palestinos em Al Bass, no sul do país.
Em Beirute, um bombardeio matou três líderes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), grupo secular de esquerda que também participa da luta contra Israel, nesta segunda.
No domingo, bombardeios israelenses deixaram pelo menos 24 pessoas mortas e quase 30 outras feridas em Sidon, cidade costeira na região central do país, de acordo com o ministério da saúde do país. Foi a primeira vez que a área foi alvo da ofensiva israelense, segundo a agência de notícias estatal do país.
Os ataques também mataram Ali Karaki e Nabil Qaouk, duas lideranças importantes do grupo terrorista Hezbollah. Ambos estavam na linha sucessória de Hassan Nasrallah, comandante supremo que já havia sido eliminado no sábado.
Mais de 1 milhão de deslocados
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse que até 1 milhão de pessoas podem ser deslocadas de suas casas devido ao conflito e reiterou seu apelo por um cessar-fogo. “O governo está fazendo todo o possível dentro de seus recursos limitados para administrar a crise crescente”, disse ele em comentários relatados pelo ministério da informação do país.
O Programa Mundial de Alimentos, da ONU, anunciou que iniciou uma operação de emergência para fornecer assistência alimentar para as pessoas que estão em abrigos em todo o Líbano. “Uma aceleração adicional do conflito neste fim de semana ressaltou a necessidade de uma resposta humanitária imediata”, disse a agência.
Israel lançou os ataques aéreos mais intensos contra o Líbano desde a guerra de 2006, contra o Hezbollah, há duas semanas. Foi o estopim de meses de trocas de disparos, desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro do ano passado, quando a milícia libanesa iniciou ataques em solidariedade ao povo palestino.
Desde então, o Hezbollah disparou centenas de mísseis contra alvos israelenses, incluindo, pela primeira vez, Tel Aviv. O sistema de defesa aérea de Israel, porém, interceptou a maioria dos foguetes.
Na quarta-feira, depois de convocar mais duas brigadas de reservistas à fronteira com o Líbano, o chefe do exército de Israel afirmou que os militares se preparavam para uma possível invasão terrestre ao país vizinho.