Retratado como herói pelo filme “Hotel Ruanda”, de 2004, Paul Rusesabagina, de 67 anos, foi condenado a 25 anos de prisão por terrorismo nesta segunda-feira (20).
De acordo com o tribunal de Ruanda, Rusesabagina foi considerado culpado por apoiar ataques terroristas promovidos por um grupo rebelde entre 2018 e 2019.
Residente no Texas e cidadão belga, ele condenado por nove acusações, incluindo a formação de um grupo armado, participação em grupo terrorista, financiamento de terrorismo, assassinato e sequestro. As acusações envolvem ainda outras 20 pessoas.
Ativistas dos direitos humanos e outros críticos do governo de Ruanda afirmam que a condenação é um ato de retaliação pelas críticas que Rusesabagina vem fazendo ao governo do país.
As circunstâncias que envolveram a prisão de Rusesabagina, em 2020, seu acesso limitado a advogados independentes e sua piora de saúde geraram preocupação e protestos internacionais.
Rusesabagina, que permanece sob custódia, afirmou que sua prisão foi em resposta às críticas feitas ao presidente de Ruanda, Paul Kagame, sobre violações dos direitos humanos.
O governo de Kagame vem negando a perseguição de vozes dissidentes, mas ativistas apontam dezenas de prisões e execuções extrajudiciais.
A família de Rusesabagina chamou o julgamento de farsa, dizendo que ele foi levado do exílio para Ruanda à força.
Rusesabagina atuou como gerente de um hotel durante o período em que o país africano enfrentou uma sangrenta guerra civil.
Segundo a história retratada no filme, ele conseguiu proteger mais de 1.000 pessoas que procuraram abrigo no estabelecimento. O longa foi indicado ao Oscar em 2005.
Em um período de 100 dias, a partir de abril de 1994, mais 800.000 pessoas do grupo étnico tutsi foram massacradas por extremistas da comunidade hutu.