Membro do gabinete político do Hamas baseado em Istambul, Basem Naim afirmou nesta quinta-feira, 25, ao veículo de notícias americano CNN que o grupo pode desistir da luta armada contra Israel caso os palestinos conseguirem um Estado independente nos territórios capturados pelas forças israelenses na guerra dos Seis Dias, em 1967. A mensagem sinaliza um abrandamento da posição dos militantes, já que por muito tempo eles apelavam pela destruição da nação israelense.
“Se um Estado independente com capital em Jerusalém, preservando ao mesmo tempo o direito de regresso dos refugiados, e se Al-Qassam for integrado em um Exército nacional”, disse Naim, se referindo às Brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas.
Tradicionalmente, o grupo palestino tem rejeitado uma solução de dois Estados, em que a Palestina estaria estabelecida ao lado de Israel. Ao invés disso, ele defendeu a criação de uma nação independente que hoje abrange Israel, Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental e Gaza. O presidente da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, comentou que não tinha conhecimento da proposta, no entanto, que ela seria uma medida significativa caso fosse verdade.
“É significativo no sentido de que os palestinianos estão a resistir à ocupação porque há uma ocupação”, comentou. “Se a ocupação não existe, eles não precisam resistir a ela”.
Nesta quarta-feira, 24, Khalil al-Hayya, membro do alto escalão do Hamas, disse à agência de notícias Associated Press que o grupo aceitaria “um Estado palestino totalmente soberano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e o regresso dos refugiados palestinianos de acordo com as resoluções internacionais”.
Hayyah também comentou que o Hamas se juntaria à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para formar um governo unificado para Gaza e a Cisjordânia. Anteriormente, o grupo se absteve de aderir à OLP, um grupo guarda-chuva de facções palestinas que assinaram acordos de paz com ele na década de 1990.
Israel capturou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza na guerra de 1967 e os territórios são considerados ocupados pelo direito internacional. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se opõe a ideia de um Estado independente afirmando que isso colocaria em perigo a segurança do país. Ele também prometeu eliminar o Hamas depois do ataque liderado pelo grupo em 7 de outubro. Até agora, o objetivo não foi alcançado.