Hamas acena para Israel com nova trégua
Uma mulher grávida e seu bebê foram mortos durante bombardeio de Israel à Faixa de Gaza, em represália a ataques de foguetes do grupo armado palestino

O grupo político-militar Hamas, controlador da Faixa de Gaza, está disposto a negociar os termos de uma nova trégua com Israel, informou um funcionário do governo palestino. A intenção foi expressa depois de dois dias de violentos bombardeios de lado, que teriam causado a morte de três palestinos e de sete pessoas em Israel.
A mesma autoridade palestina disse nesta quinta-feira (9) que as facções armadas de Gaza estão dispostas a suspender a série de ataques com foguetes ao sul de Israel, iniciada na terça-feira, se o Exército israelense também interromper seus ataques.
“Facções da resistência consideram esta escalada encerrada no que nos diz respeito, e a continuidade da calma depende do comportamento da ocupação”, afirmou, usando o termo usual das facções militantes sobre Israel.
A última trégua assinada pelo Hamas e Israel foi em 2014. A violência foi retomada nos últimos cinco meses. Até o início desta semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Egito tentavam mediar uma trégua para aliviar as crises humanitária e econômica crescentes na Faixa de Gaza.
Uma palestina grávida, seu filho de 18 meses e um militante do Hamas, grupo militante islâmico que controla Gaza, foram mortos pelos ataques de Israel, e ao menos cinco civis ficaram feridos, disseram autoridades médicas locais. Outros 12 civis ficaram feridos no encrave.
O Exército israelense informou que sete pessoas foram feridas no sul de Israel. Entre elas, uma tailandesa que trabalha em uma propriedade agrícola, segundo o hospital de Beersheva. Outras três pessoas ficaram feridas por estilhaços e cerca de 20 pessoas foram atendidas em estado de choque.
O funcionário palestino insistiu que os foguetes lançados da Faixa de Gaza respondiam aos crimes de Israel – uma referência à morte de dois atiradores do Hamas na terça-feira. Israel argumenta ter retaliado o Hamas por seus balões e pipas incendiários e por sua “chuva de foguetes”.
Entre a tarde de quarta e a manhã desta quinta, caíram no território de Israel mais de 180 foguetes e obuses procedentes da Faixa de Gaza, aos quais a aviação israelense respondeu bombardeando mais de 150 instalações militares do Hamas, segundo o Exército israelense.
A maioria dos foguetes caiu em zonas desabitadas, e mais de 30 foram interceptados no ar pelos sistemas antimísseis israelenses, embora dois tenham caído na cidade israelense de Sderot.
“Estou profundamente alarmado com a escalada de violência entre Gaza e Israel e, em especial, com os inúmeros foguetes lançados hoje”, declarou o enviado especial da ONU, Nickolay Mladenov, em um comunicado.
Israel e Hamas mantêm um tênue cessar-fogo desde 2014, frequentemente posto à prova por atos hostis de ambas as partes.
Desde o final de março, as manifestações de palestinos na Faixa de Gaza contra o bloqueio israelense e para exigir o direito de retorno dos palestinos expulsos de suas terras com a criação de Israel, em 1948, criaram pretextos para conflitos sangrentos.
As tensões se tornaram mais exacerbadas durante as celebrações dos 70 anos de independência de Israel, em 14 de maio, quando houve a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém. Durante as manifestações na fronteira Gaza-Israel, mais de 165 palestinos foram mortos pelas tropas israelenses. Do lado de Israel, houve uma única morte.
(Com Reuters e AFP)