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Guerra na Ucrânia faz preço dos alimentos disparar em março

Rússia e Ucrânia são dois dos maiores exportadores de grãos para o mundo; ONU liga sinal de alerta pra crise de fome

Por Matheus Deccache Atualizado em 8 abr 2022, 17h53 - Publicado em 8 abr 2022, 17h33

O preço mundial dos alimentos atingiu alta histórica em março devido à invasão russa à Ucrânia, dizem as Nações Unidas, o que aumenta a preocupação com o risco de fome no mundo. 

A interrupção nos fluxos de exportação causada pelo início do conflito, em 24 de fevereiro, e pelas sanções aplicadas à Rússia, provocaram temores de uma crise global de fome principalmente em países do Oriente Médio e da África, que dependem diretamente das exportações ucranianas e já sentem os primeiros efeitos colaterais. 

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A Rússia e a Ucrânia são dois dos principais exportadores alimentícios do mundo, responsáveis pela comercialização de vários commodities importantes como trigo, óleo vegetal e milho, cujos preços atingiram seus níveis mais altos no último mês. 

Uma das ações do exército russo foi bloquear os portos ucranianos, muitos deles já com remessas prontas para serem enviadas a outros países, o que gera uma preocupação ainda maior, principalmente pelo fato de que a guerra deverá seguir durante o período de colheita. 

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) disse que seu índice de preços, que acompanha as mudanças mensais nos valores internacionais de uma cesta de commodities, teve uma média de 159,3 pontos em março, um aumento de 12,6% em relação a fevereiro. 

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Ainda de acordo com a FAO, a guerra na Ucrânia foi responsável pelo aumento de 17,1% no preço dos grãos como trigo, cevada, aveia e milho. Juntos, ambos os países envolvidos no confronto respondem por aproximadamente 30% e 20% de toda a exportação global de trigo e milho, respectivamente. 

Embora previsível, dada a alta vista em fevereiro, os números são “realmente notáveis”, segundo o vice-diretor da divisão de mercados e comércio da organização, Josef Schmidhuber, que acrescenta que o crescimento dos preços precisa de ações urgentes.

Dentre os aumentos, o maior foi o do óleo vegetal, que registrou alta de 23,2% impulsionado pelas cotações mais altas do óleo de semente de girassol usado para cozinhar. A Ucrânia é o maior exportador mundial do produto, enquanto a Rússia é a segunda. 

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“Há uma enorme interrupção no fornecimento na região do Mar Negro e isso alimentou os preços do óleo vegetal”, disse Schmidhuber a repórteres em Genebra, dizendo que os preços do açúcar e de laticínios também cresceram no último mês.

O vice-diretor disse ainda que não é possível afirmar com clareza o quanto a guerra influenciou na alta dos preços, ainda mais pelo fato de que as más condições climáticas nos Estados Unidos e na China também foram responsabilizados pela preocupação com as safras.

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No entanto, os fatores logísticos causados pelo conflito sem dúvida desempenham um grande papel no aumento dos preços.

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“Essencialmente, não há exportações pelo Mar Negro, e as exportações pelo Báltico também estão praticamente chegando ao fim”, disse.

Outros grandes produtores de grãos espalhados pelo mundo, como Estados Unidos, Canadá, Austrália, França e Argentina estão analisando se podem aumentar suas produções para preencher a lacuna deixada, mas outros problemas podem afetar o processo, como o aumento dos custos de combustível e fertilizantes agravados pela guerra, seca e interrupções na cadeia de suprimentos.

Como tentativa de atender as necessidades dos países importadores de alimentos, a FAO estava desenvolvendo uma proposta de mecanismo para aliviar os custos de importação para os países mais pobres, principalmente na África e na Ásia. 

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A medida prevê que os países elegíveis se comprometam com investimentos adicionais em sua própria produtividade agrícola para obter créditos de importação para ajudar a amenizar o golpe.

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