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Guerra bate à porta e Rússia instala bunkers para civis na fronteira com Ucrânia

Invasão ucraniana à região russa de Kursk, na divisa entre os países, já obrigou mais de 130 mil pessoas a deixarem suas casas

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2024, 09h33 - Publicado em 22 ago 2024, 09h27

Autoridades na região russa de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia, começaram a construir bunkers para ajudar a proteger civis em meio a uma incursão ucraniana que começou no dia 6 de agosto, disse o governador regional, Alexei Smirnov, nesta quinta-feira. Feitos de concreto, a ideia é que possam abrigar pessoas de ataques aéreos com mísseis e enxames de drones.

As forças de Moscou têm travado batalhas contra tropas ucranianas em Kursk há mais de duas semanas, desde que mais de mil soldados de Kiev cruzaram a fronteira e inverteram papeis ao invadir a Rússia. A operação, que pegou o Kremlin de surpresa, forçou mais de 130 mil russos a deixarem suas casas.

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“Seguindo minhas instruções, a administração da cidade de Kursk identificou pontos-chave para a instalação de abrigos modulares de concreto — em locais lotados”, escreveu Smirnov em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram. Cerca de 60 estações de ônibus serão equipadas com os bunkers, ele acrescentou.

Smirnov também publicou uma fotografia de uma das estruturas de concreto sendo entregue por caminhão. A cidade de Kursk tem uma população de cerca de 450 mil habitantes.

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+ Rússia lança enxurrada de mísseis e drones em represália aos avanços ucranianos

Proteção da fronteira

O governador comunicou, além disso, que abrigos seriam instalados em duas outras cidades, Zheleznogorsk e Kurchatov. Esta última abriga a usina nuclear de Kursk, que a Rússia acusou a Ucrânia de planejar atacar. Os aliados da Ucrânia no Ocidente também temiam que tomar a instalação estivesse na agenda, uma espécie de vingança pela invasão russa à usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, mas o Exército de Kiev negou as acusações.

Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), deve visitar a usina no final de agosto.

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Em anúncio paralelo, uma autoridade russa disse na quinta-feira que as forças de Moscou impediram que unidades militares ucranianas atravessassem a fronteira entre os dois países na região de Bryansk, a cerca de 240 km do local onde há batalhas ativas em Kursk.

Enquanto isso, o Exército russo marcou avanços próprios no leste da Ucrânia, com objetivo de assumir o controle total da região de Donetsk.

Guerra bate à porta

Oleksandr Syrskyi, comandante do Exército da Ucrânia, afirmou que suas tropas controlam mais de 1.000 quilômetros quadrados de território russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, quando enfim reconheceu o ataque, foi irônico: “A Rússia levou a guerra aos outros e agora ela está voltando para casa”.

A estratégia lembra a bem-sucedida retomada, em meados de 2022, da província de Kharkiv, quando as forças ucranianas usaram a guerra-relâmpago, mais conhecida como blitzkrieg, para avançar a todo vapor por centenas de quilômetros, derrotando um Exército russo subequipado e incapaz de controlar a ampla frente de combate. Passados dois anos, o Kremlin voltou a subestimar o inimigo, reforçando a defesa ao longo da faixa de mais de 100 000 quilômetros quadrados de fronteira que controla e deixando o resto desprotegido.

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É difícil que a incursão ucraniana produza uma vantagem estratégica duradoura. Pode ser que a Rússia precise deslocar forças da linha de combate para defender Kursk, dando um respiro aos ucranianos exauridos, mas para consolidar sua vantagem o comando em Kiev também enfraquece a outra ponta, pois no mínimo tem de manter o território conquistado. “Kursk pode ser usada como moeda de troca em futuras negociações para o fim da guerra”, aponta Joshua Kroeker, CEO do Reaktion Group, uma consultoria de inteligência — mas isso também depende de uma ocupação de longo prazo.

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