O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou esperar do governo recém-eleito da Espanha a “prioridade na construção de saídas” para a crise de seu país. Apesar de não ter parabenizado diretamente o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, pela vitória de seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Guaidó aproveitou para se expor como um potencial estadista.
“Somos unidos pela fraternidade histórica e pela confiança em que nesta nova fase o Governo espanhol terá como prioridade a construção de saídas para a crise da Venezuela”, escreveu Guaidó na sua conta do Twitter.
A Espanha está entre os mais de cinquenta países que reconhecem a autoridade do líder oposicionista, principal desafiador do ditador Nicolás Maduro. Guaidó comemorou “o triunfo da democracia espanhola”, com o sucesso do processo eleitoral, e defendeu “o bem-estar de todos os espanhóis”,
Pouco antes das eleições venezuelanas de maio de 2018, quando não chegara ainda a primeira-ministro, Sánchez condenara “a destruição das liberdades democráticas na Venezuela” e exigira de Maduro “a liberação de todos os presos políticos.” O líder espanhol ainda destacara a situação de Leopoldo López, ex-líder da oposição e mentor de Guaidó, preso desde 2014 0- atualmente, em prisão domiciliar.
“Que a democracia volte à Venezuela, uma democracia agora sequestrada por um presidente, um regime, o de Maduro, que está encarcerando pessoas dignas, valentes e que desejam o melhor para o país, como é o caso de Leopoldo López”, afirmara o político em declaração ao site do PSOE.
Em 21 de maio de 2018, com abstenção de quase 54% do eleitorado, Maduro foi reeleito para mais seis anos de mandato. As fraudes na votação, além da insatisfação popular, deram início a uma série de protestos, culminando na autoproclamação de Guaidó como presidente interino do país, em 23 de janeiro, treze dias depois da posse de Maduro.
Na Espanha, apesar da vitória de domingo, Sánchez ainda terá que enfrentar um processo de articulação política para conseguir maioria no Parlamento. Seu partido obteve 28,29% da preferência do eleitorado, traduzidos em 123 cadeiras das 350 que compõem a Casa.
Os resultados mostram que o primeiro-ministro terá de compor pelo menos maioria simples, de 176 deputados, com o apoio do Unida Podemos, dos separatistas Partido Nacionalista Basco (PNV) e Juntos pela Catalunha, e de outros partidos de esquerda de menor expressão.
Em fevereiro deste ano, apenas oito meses depois de Sánchez assumir o comando do governo, o país europeu decidiu adiantar suas eleições gerais. A decisão foi consequência da rejeição parlamentar à proposta de Orçamento enviada pelo primeiro-ministro ao Congresso.
O atual líder assumiu o cargo em substituição a Mariano Rajoy, do Partido Popular, de direita, que sofreu moção de censura por suspeita de envolvimento em um escândalo de corrupção. O socialista Sánchez foi o autor da moção aprovada pelo Congresso espanhol, mas enfrentou os problemas de governar sem apoio, não conseguindo aprovar nenhuma de suas propostas.
(Com EFE)