Greta recebe aval para processar governo da Suécia por política climática
Segundo ação coletiva, medidas empregadas por Estocolmo precisam ser ampliadas para limitar aquecimento global
O Tribunal Distrital de Nacka, na Suécia, autorizou nesta terça-feira, 21, Greta Thunberg e ativistas do grupo Aurora a dar continuidade a uma ação coletiva movida contra o governo sueco por uma suposta “política climática insuficiente”. O processo, no entanto, precisa efetuar as reivindicações da corte antes do prosseguimento.
Em novembro passado, Greta e cerca de outros 600 jovens ativistas processaram o governo sueco sob as alegações de que as medidas empregadas até o momento pelo primeiro-ministro do país, Ulf Kristersson, precisam ser ampliadas para limitar o aquecimento global a 1,5°C nos próximos anos. Para os ativistas, só assim seria possível cumprir com a Convenção Europeia de Direitos Humanos.
“A saúde e o futuro do planeta, e do nosso, dependem diretamente de nossos políticos reconhecerem ou não a gravidade da crise climática”, disse o grupo Aurora em comunicado ao Estado sueco ainda em 2022.
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O grupo Aurora e Greta esperam que o tribunal determine que a Suécia reduza as emissões em pelo menos 6,5 a 9,4 milhões de toneladas de CO2 por ano. A administração de Kristersson tem três meses para responder à ação coletiva para que o caso seja ouvido e, eventualmente, solucionado.
Não é a primeira vez que um governo é alvo de processo por questões climáticas. Ainda em 2020, 16 jovens processaram o estado de Montana, nos Estados Unidos, em razão da sua política energética. De acordo com os ativistas, o uso de combustíveis fósseis é contra o direito constitucional de viver em um ambiente saudável.
Na segunda-feira, 20, um dia antes da decisão do tribunal sueco, as Nações Unidas publicaram um relatório que afirma que a Terra deve atingir seu limite, ou “ponto de não retorno”, nos próximos sete anos, antes do esperado. Os pesquisadores indicam, contudo, que a adesão de tecnologias limpas pode ser um caminho para contornar o cataclisma climático.
Em resposta às descobertas, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse que todos os países devem apresentar planos para zerar a emissão de combustíveis fósseis em uma década. Essas metas precisam, segundo ele, reduzir rapidamente as emissões de gases de efeito estufa que aquecem a atmosfera do planeta.
“Há uma janela de oportunidade que se fecha rapidamente para garantir um futuro habitável e sustentável para todos”, afirma o relatório.