Governo venezuelano proíbe manifestações contra Constituinte
Pena para quem descumprir a ordem é de cinco a dez anos de prisão
O governo da Venezuela anunciou nesta quinta-feira a proibição de todas as manifestações públicas que possam atrapalhar a realização da eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorrerá no próximo domingo. A pena para quem descumprir a ordem é de cinco a dez anos de prisão. “Estão proibidas em todo o território nacional as reuniões e manifestações públicas, concentrações de pessoas e qualquer ato similar que possa perturbar ou afetar o normal desenvolvimento do processo eleitoral”, disse o ministro do Interior, Néstor Reverol, em um discurso transmitido em rede nacional de televisão.
Haverá também controle de pontos fronteiriços e proibição do consumo de álcool e de vendas de fogos de artifício. A Força Armada Bolivariana foi credenciada para controlar as operações da polícia estatal e de 19 corporações municipais.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição o governo de Nicolás Maduro, desafiou a proibição e estendeu para toda a Venezuela a convocação de uma grande mobilização. “O regime anunciou que não podemos nos manifestar até segunda-feira. Responderemos com a tomada da Venezuela amanhã”, anunciou MUD no Twitter. Em outra mensagem, a coalizão opositora disse que “as ruas da Venezuela são do povo, não da ditadura”, e afirmou que a manifestação é um direito consagrado na Constituição.
O deputado José Antonio Mendoza disse que a decisão da MUD de ampliar o protesto faz parte da convocação feita pela oposição para que a população não reconheça o governo de Maduro e lance mão da desobediência civil. Diante de uma multidão de apoiadores, Maduro reiterou nesta quinta-feira que “chovendo, trovejando ou relampejando, a Constituinte acontecerá”, apesar das pressões internas e externas.
Greve Geral
Confrontos entre forças de segurança do governo e manifestantes deixaram cinco mortos nos dois dias da greve mais recente liderada pela oposição contra a eleição de domingo. Com os últimos casos, o número de vítimas fatais da dura repressão de Maduro aos protestos, que convulsionam o país desde abril exigindo eleições livres e justas para acabar com quase duas décadas de governo chavista, chegou a 106.
A oposição tenta intensificar pressão sobre o impopular presidente para acabar com seu plano para a Assembleia Constituinte, que terá poder de reescrever a Constituição e fechar o atual legislativo, liderado pela oposição.
(Com agências internacionais)