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Governo Milei blinda Buenos Aires com polícia e cercas diante de protestos

Há batidas policiais em ônibus e trens com destino ao centro da capital da Argentina, após promessa de cortar benefícios de manifestantes que fecharem vias

Por Da Redação
20 dez 2023, 13h57

Diante da primeira grande manifestação do novo governo de Javier Milei, presidente da Argentina, nesta quarta-feira, 20, a cidade de Buenos Aires foi blindada em vários pontos-chave e o governo implementou uma operação para controlar o acesso ao centro da capital.

Uma cerca foi erguida ao redor da Casa Rosada, enquanto um maior contingente de policiais foi despachado para as estações ferroviárias Retiro e Constitución. Também há operações na Plaza de Mayo, no Congresso e Avenida de Mayo.

Ao longo do dia, viralizaram nas redes sociais vídeos de batidas policiais em ônibus e trens com destino a Buenos Aires. Passageiros filmaram as autoridades de segurança parando os transportes e embarcando nos veículos, em busca de paus ou bandeiras, sinais de possíveis manifestantes que se dirigiam à marcha.

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Na Plaza Constitución, por exemplo, uma fila de policiais plantou-se em frente às catracas de saída dos trens da Roca, de acordo com o jornal argentino Clarín. No Retiro, foram observadas cenas de revistas de passageiros.

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“Existem controles preventivos nas estações ferroviárias e nas diferentes entradas da cidade”, confirmou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, durante coletiva de imprensa.

Protocolo anti-piquetes

Não será apenas o primeiro grande protesto da gestão Milei, mas nesta quarta-feira o governo também estreia seu chamado protocolo anti-piquetes, anunciado pela ministra da Segurança e ex-candidata presidencial, Patricia Bullrich.

O governo anunciou na segunda-feira 18 que os manifestantes que participarem de atos que bloqueiem ruas e rodovias terão seus benefícios de assistência social cortados. A declaração da ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, ocorre depois do gabinete já ter anunciado que o bloqueio de vias levaria a “sanções severas”.

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“Os únicos que não irão receber [programas sociais] são os que vão a protestos e bloqueiam a rua”, alertou Pettovello em discurso.

“Informamos que todos aqueles que tenham promovido, instigado, organizado ou participado dos bloqueios perderão o diálogo com o Ministério do Capital Humano”, acrescentou a chefe da pasta que absorveu as anteriores de Educação, Cultura, Trabalho e Desenvolvimento Social. “Quem bloqueia não recebe”, concluiu.

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As organizações de esquerda, como o Polo Obrero, que encabeçam o ato desta quarta não se intimidaram, e mantiveram a marcha até a Plaza de Mayo, uma homenagem aos 39 mortos nos protestos de 19 e 20 de dezembro de 2001, ano da pior crise econômica e social que o país já teve. O grupo estima entre 30 e 40 mil participantes, e disse que contará com o apoio de advogados e líderes de direitos humanos para evitar prisões.

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Risco sério

A ameaça a respeito de cortes de benefícios não é coisa pouca. Na Argentina, uma multidão de pessoas tem acesso a uma ampla gama de programas sociais, vitais para manter o tecido social da nação: nos últimos dez anos, a taxa de pobreza no país saltou 15 pontos percentuais, levando mais de 40% da população a essa condição, segundo o Indec, instituto de estatísticas do país.

Os subsídios do governo, direta ou indiretamente (via deduções de imposto), chegam a 95% das crianças e jovens com menos de 17 anos. Para se ter noção, em 2022, o Estado pagou 79% do custo da luz e 71% do gás a todos os conectados à rede. Esses gastos, responsáveis por manter o tecido social de um país acossado pela pobreza, abatem 2,5% do PIB anualmente, e representam 82% do déficit fiscal.

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