General que tentou golpe na Bolívia pode pegar até 20 anos de prisão
Juan José Zúñiga vai responder pelos crimes de levante armado contra a segurança e soberania da nação, sedição de tropas e ataque ao presidente
Líder e rosto da fracassada tentativa de golpe contra o governo da Bolívia na quarta-feira 26, o ex-comandante do Exército Juan José Zúñiga vai responder pelos crimes de levante armado contra a segurança e soberania da nação, sedição de tropas e ataque ao presidente, afirmou o ministro da Justiça boliviano, Iván Lima. Os crimes, previstos nos artigos 121º, 127º e 128º do código penal boliviano, podem levar a uma pena de prisão de até 20 anos.
“Vamos buscar a condenação de Juan José Zúñiga à pena máxima de prisão possível para estes crimes, que é de 15 a 20 anos de prisão. A Procuradoria-Geral da República iniciou o processo criminal e seguirá até que este soldado seja condenado”, disse Lima.
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Membros das Forças Armadas tomaram a praça e um veículo blindado avançou pela entrada do Palácio Presidencial, seguido por soldados comandados por Zúñiga, destituído do cargo de chefe do Exército na terça-feira por insubordinação, após afirmar em rede nacional que não permitiria uma possível nova candidatura em 2025 do ex-presidente Evo Morales, que governou de 2006 a 2019.
Em discurso à TV local, durante a invasão, o general disse que “os três chefes das Forças Armadas vieram expressar a nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas vão mudar, mas o nosso país não pode continuar assim”.
Zúñiga foi preso na própria quarta-feira, poucas horas depois do início do motim. A jornalistas, o ex-comandante do Exército acusou, sem fornecer provas, o presidente Luis Arce de ter orquestrado um autogolpe. Segundo a agência Associated Press, o general afirmou que Arce disse a ele que buscava aumentar sua popularidade. Zúñiga teria então questionado se deveria colocar os blindados nas ruas, ao que Arce teria respondido que sim.
Em resposta à tentativa de golpe, Arce trocou o comando das Forças Armadas. Assim que foi empossado, o novo comandante do Exército boliviano, José Wilson Sánchez, ordenou que todos os militares retornassem a suas unidades. Arce, junto com Sánchez, destacou o papel dos “bons soldados” que sabem respeitar a Constituição.
Líderes de países da América Latina, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA), condenaram a tentativa de golpe.
Pouco após a movimentação iniciar, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, condenou os acontecimentos por meio de uma postagem no X. “O Exército deve submeter-se ao poder civil legitimamente eleito. Enviamos nossa solidariedade ao presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora, ao seu governo e a todo o povo boliviano. A comunidade internacional, a OEA e a secretaria-geral não tolerarão qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse torcer para que a democracia prevaleça e alertou que “golpe nunca deu certo”.
Em publicação no X, antigo Twitter, o presidente do Chile, Gabriel Boric, manifestou preocupação e expressou “apoio à democracia no país irmão e ao governo legítimo de Luis Arce”.