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Futuro do acordo de paz na Colômbia terá reflexos no Brasil, diz relatório

Pesquisa indica que dissidentes das Farc e de outras guerrilhas podem estar se aliando com facções criminosas em território brasileiro

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 Maio 2018, 08h00 - Publicado em 26 Maio 2018, 08h00
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  • Um novo relatório sobre o acordo de paz entre governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), publicado nesta sexta-feira (25), analisa o processo de paz e chama atenção para possíveis desdobramentos do sucesso ou fracasso do acordo para o Brasil.

    O conflito com as guerrilhas no país já dura mais de 50 anos e provocou a morte de mais de 260.000 pessoas e o deslocamento forçado de outras 7 milhões de suas casas, segundo o documento do Instituto Igarapé, elaborado por agentes da Polícia Federal brasileira.

    Após a assinatura do acordo de paz, em setembro de 2016, as Farc se transformaram em um partido político e, segundo a ONU, concluíram a entrega de suas armas. Uma das questões ainda preocupantes sobre o tratado, porém, são os dissidentes das FARC, que podem permanecer envolvidos com o crime organizado. A entrega de todo o armamento da guerrilha também é questionada por muitos.

    Relativamente ao Brasil, preocupa a vinda de dissidentes das FARC para território brasileiro em busca de refúgio ou para se juntarem a organizações criminosas brasileiras, segundo o estudo.

    Também segundo o documento, já existem relatos de que grupos como a Família do Norte (FDN), que atua principalmente no Estado do Amazonas, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), fundado em São Paulo, possuem alianças com novos grupos criminosos e mafiosos emergentes na Colômbia, envolvidos principalmente no tráfico internacional de cocaína.

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    Há preocupação também de que parte das armas das FARC tenha sido enviada para fora do país, mais especificamente para a Venezuela e para o Brasil, e negociadas no mercado negro.

    Em recente reunião, os ministros da Defesa do Brasil e da Colômbia acordaram que os dois países vão intensificar sua cooperação bilateral, para impedir que narcotraficantes colombianos busquem esconderijo no lado brasileiro da fronteira.

    Eleições

    O país escolhe novo presidente no próximo domingo (27). O resultado será decisivo para o futuro do acordo com as Farc, que ainda precisa de regulamentação para a transição à legalidade.

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    “Um eventual insucesso do processo de paz com as Farc poderia impactar futuras iniciativas similares com outros grupos guerrilheiros, como o ELN. Regionalmente, isso poderia fomentar ainda mais a expansão transnacional das organizações criminosas colombianas, que, há décadas, se associaram com o crime organizado brasileiro, por exemplo”, analisam Guilherme Damasceno e Christian Vianna, autores do relatório.

    Outra questão controversa sobre o acordo de paz é a da Justiça Especial, criada tratar os casos de ex-guerrilheiros com histórico criminal.

    A prisão do ex-líder Jesús Santrich reascendeu essa discussão. Ele participou ativamente das negociações de paz, porém, foi preso em abril deste ano sob acusações de que continuou a traficar drogas e a cometer extorsões após a assinatura do acordo. O fato gerou novas acusações de impunidade e desrespeito ao tratado por parte das Farc e foi explorado especialmente pelo candidato à Presidência da direita, Iván Duque.

    A implementação do tratado é uma das principais tarefas do próximo governo. Porém, os flagelos do narcotráfico, a corrupção, a pobreza e a desigualdade social dificultam a consolidação de uma paz ainda frágil na Colômbia.

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