Funcionária do Palácio de Buckingham renuncia após acusação de racismo
Convidada negra de evento da rainha consorte fez denúncias graves no Twitter, pressionando por ação da monarquia britânica
Uma funcionária do Palácio de Buckingham deixou seu cargo depois de fazer comentários “inaceitáveis e profundamente lamentáveis” sobre raça e nacionalidade a uma mulher durante um evento oficial, disse um porta-voz nesta quarta-feira, 30.
Ngozi Fulani, CEO do Sistah Space, grupo de apoio a vítimas de violência doméstica de ascendência africana e caribenha, disse que cerca de 10 minutos depois de sua chegada no palácio, a funcionária a abordou e chegou a mexer em seu cabelo para ver seu crachá.
Ela também relatou no Twitter que a funcionária perguntava repetidamente: “De que parte da África você é?”. Fulani disse que respondeu: “Nasci aqui e sou britânica”. E a funcionária perguntou: “Não, mas de onde você realmente vem, de onde vem o seu povo?”
A CEO do Sistah Space participava do evento organizado pela esposa do rei Charles, a rainha consorte Camilla, para levantar fundos contra a violência doméstica. Entre outras convidadas do evento estavam a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, a rainha Mathilde da Bélgica e a rainha Rania da Jordânia.
Mixed feelings about yesterday's visit to Buckingham Palace. 10 mins after arriving, a member of staff, Lady SH, approached me, moved my hair to see my name badge. The conversation below took place. The rest of the event is a blur.
Thanks @ManduReid & @SuzanneEJacob for support🙏🏾 pic.twitter.com/OUbQKlabyq— Sistah Space (@Sistah_Space) November 30, 2022
O Palácio de Buckingham disse que a funcionária envolvida no incidente, referida por Fulani como “Lady SH”, gostaria de se desculpar e se afastou de seu cargo honorário.
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Um porta-voz do palácio afirmou que o incidente era extremamente sério: “Investigamos imediatamente para estabelecer todos os detalhes. Neste caso, comentários inaceitáveis e profundamente lamentáveis foram feitos”.
“Entramos em contato com Ngozi Fulani sobre esse assunto e a convidamos para discutir pessoalmente todos os elementos de sua experiência, se ela desejar”, acrescentou o porta-voz do palácio. “Todos os membros da família estão sendo lembrados das políticas de diversidade e inclusão que devem manter o tempo todo”.
No ano passado, embora o palácio tenha se esforçado para aumentar o número de funcionários de minorias étnicas, um membro sênior da corte disse à CNN que eles não tem feito o suficiente para melhorar a sua diversidade.
Esta é apenas a mais recente acusação de racismo envolvendo a família real britânica. O filho mais novo de Charles, o príncipe Harry, e sua esposa, a ex-atriz Meghan Markle, disseram em entrevista à Oprah Winfrey, no começo de 2021, que a Duquesa de Sussex sofreu preconceito semelhante.
Meghan afirmou que um membro não identificado da família perguntou, antes de seu filho Archie nascer, quão escura sua pele poderia ser. Desde então, a monarquia britânica prometeu que tais questões seriam tratadas com muita seriedade. O irmão mais velho de Harry, o príncipe William, herdeiro do trono, disse dias depois: “Não somos uma família racista”.