A agência de migração das Nações Unidas concluiu em um relatório publicado nesta terça-feira, 12, que a fronteira entre os Estados Unidos e o México é a rota de migração terrestre mais mortal do mundo. O órgão documentou que centenas de pessoas acabam perdendo a vida tentando fazer as perigosas travessias no deserto que divide os dois países.
O documento da Organização Internacional para as Migrações (OIM) relata 686 mortes e desaparecimentos entre migrantes na fronteira no ano passado. Porém, os responsáveis pela pesquisa ponderaram que o número real de vítimas é provavelmente mais elevado devido à falta de dados tanto dos gabinetes legistas do condado fronteiriço do Texas quanto da agência mexicana de busca e salvamento.
Segundo o porta-voz da OIM, Paul Dillon, os números registados “representam as estimativas mais baixas disponíveis”.
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“Os números alarmantes são um lembrete claro da necessidade de uma ação decisiva para criar vias regulares de migração legal”, disse Dillon.
A OIM disse que quase metade das mortes registadas no ano passado estavam ligadas à travessia dos desertos de Sonora e Chihuahuan. No clima desértico, cheio de desfiladeiros e colinas repletas de cactos, os migrantes são vítimas de insolação no verão e de hipotermia no inverno. Algumas vítimas jamais são encontradas por conta da dificuldade de acesso ao terreno.
O número de mortes e desaparecimentos documentados pela agência ao longo da fronteira representa quase metade dos 1.457 casos registados nas Américas no ano passado. Autoridades também se preocupam com a tendência de aumento de mortes nas rotas migratórias no Caribe.
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Em 2022, 350 mortes foram documentadas, em comparação com 245 em 2021 e menos de 170 registradas em anos anteriores. A maioria das vítimas nas rotas migratórias do Caribe era de pessoas da República Dominicana, Haiti e Cuba.
Outra preocupação da OIM é a passagem fronteiriça na selva entre o Panamá e a Colômbia, conhecida como Darien Gap, onde a agência documentou 141 mortes de migrantes em 2022. O Panamá também anunciou novas medidas na semana passada para conter o aumento das travessias de migrantes através do Darien Gap, que atingiu um máximo histórico este ano.
“A natureza remota e perigosa desta área e a presença de gangues criminosas ao longo da rota significa que este número provavelmente não representa o número real de vidas perdidas”, disse Dillon.