França condena seis jovens por decapitação de professor
Caso que chocou o país aconteceu em subúrbio de Paris em 2020
Seis adolescentes foram condenados num tribunal da França nesta sexta-feira, 8, por participarem em 2020 da decapitação do professor de história Samuel Paty, 47 anos. Ele foi assassinado em frente à escola onde trabalhava num subúrbio de Paris por Abdoullakh Anzorov, 18 anos, de origem chechena, que por sua vez foi morto a tiros pela polícia logo após o ataque.
No julgamento a portas fechadas, cinco dos jovens, com idades entre 14 e 15 anos na época, foram condenados por ajudarem o assassino a identificar Paty. E uma menina, que tinha 13 anos durante o ocorrido, foi considerada culpada por ter feito acusações falsas e comentários caluniosos a respeito do docente.
Em depoimento, os adolescentes disseram que não sabiam que Paty seria morto. Eles vão enfrentar penas de prisão de até dois anos e meio. Todos receberam penas de prisão breves ou suspensões, e foram obrigados a permanecer na escola ou no emprego durante a duração das penas suspensas, com exames médicos regulares.
Oito adultos também são acusados em conexão com o caso e comparecerão a um tribunal criminal especial.
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Motivação do crime
O crime brutal que chocou o país ocorreu depois de Paty mostrar, em sala de aula, caricaturas do profeta Maomé, em um contexto de discussão sobre liberdade de expressão. O gesto irritou alunos e pais muçulmanos, já que a maioria dos seguidores do Islã condena representações de profetas, uma blasfêmia sob a religião.
A França sofreu uma série de ataques de militantes islâmicos nos últimos tempos, incluindo um tiroteio em 2015 nos escritórios do Charlie Hebdo, uma revista satírica que publicou caricaturas que Paty apresentou aos alunos nas suas aulas.
Em outubro deste ano, mais um professor foi morto a facadas e outras três pessoas foram feridas no norte da França. O episódio da vez foi protagonizado por um ex-aluno suspeito de ser um radical islâmico, e ocorreu no contexto das tensões globais despertadas pela Guerra Israel-Hamas.
Isso motivou o governo francês a reforçar a segurança e a vigilância em todo país, com um efetivo extra composto por cerca de 7.000 soldados.