Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

França: campanha pelo segundo turno divide raivosos e otimistas

Os partidos tradicionais, que dominaram a política francesa por meio século, são os grandes perdedores do pleito

Por Gabriel Brust, de Paris
Atualizado em 3 Maio 2017, 12h36 - Publicado em 23 abr 2017, 18h17
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Eleições na França: Marine Le Pen x Emmanuel Macron
    Os candidatos à presidência da França, Emmanuel Macron e Marine Le Pen (Joil Saget/Eric Feferberg/AFP)

    A derrota inédita dos dois tradicionais partidos de esquerda e direita na eleição na França muda uma configuração política estabelecida há meio século. A passagem do centrista Emmanuel Macron e da candidata de extrema-direita Marine Le Pen ao segundo turno apresenta, segundo especialistas da Sciences Po,  principal think tank político francês, uma nova clivagem entre a população francesa: os que veem o futuro com otimismo ou pessimismo.

    Publicidade

    Para Yann Algan, professor e pesquisador da Sciences Po, o resultado da eleição reflete uma realidade que já aparecia no radar das pesquisas feitas pela principal escola de ciência política do país. “Temos duas Franças opostas: uma  voltada ao futuro, otimista, encarnada em Macron, e uma mais raivosa, de Le Pen”, diz Algan, em Paris, pouco após a divulgação dos primeiros resultados.

    Publicidade

    É perceptível a decepção que motivou os novos eleitores do partido Frente Nacional – não aqueles que levaram o partido ao segundo turno em 2002 com Jean-Marie Le Pen, mas os que levaram sua filha ao centro da política francesa, este ano.

    “Seja em qualquer classe social ou nível de educação, patrões e empregados, o que une os eleitores de Le Pen é o pessimismo com uma crise econômica que dura dez anos”, disse Algan na sede da Sciences Po.

    Publicidade

    A cientista política Anne Muxel vai além na definição das novas forças opositoras: “É a França com raiva e a França que não está com raiva. Entre os que estão com raiva, há não apenas os eleitores de Le Pen, mas também os da esquerda radical de Jean-Luc Mélanchon. No final, praticamente metade dos votos do primeiro turno foi o voto com raiva”, define a pesquisadora.

    Na avaliação de Muxel, Macron acertou mais que Le Pen: “Macron conseguiu fazer passar mensagem de que não é nem de direita nem de esquerda. E Le Pen se enganou durante a campanha, fazendo discurso apenas para os convertidos, esquecendo de se abrir para capturar um novo eleitorado.”

    Publicidade

    Frente republicana

    Os 21,9% obtidos por Marine Le Pen são considerados por grande parte dos analistas como muito abaixo do esperado, já que a Frente Nacional alcançou  27% dos votos na eleição regional de 2015. Apesar disso, muitos acreditam que o segundo turno não será o massacre verificado em 2002, quando Jacques Chirac bateu a Frente Nacional com 80% dos votos, após a formação do Bloco Republicano que uniu direita e esquerda contra Jean-Marie Le Pen.

    Ao anunciar o voto em Emmanuel Macron logo após o anúncio do resultado do primeiro turno, os candidatos da esquerda e da direita tradicionais, Benoit Hamon com seus 6% dos votos e François Fillon com 19,7% sinalizam que haverá novamente uma tentativa de formação desta Frente Republicana contra Frente Nacional. Mas o cenário desta vez é diferente. Le Pen filha se afastou do discurso de Le Pen pai, que flertava inclusive com o anti-semitismo e operou a legitimação de seu partido.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Muitos analistas não descartam que Marine atraia no segundo turno o voto dos desiludidos e radicais em geral, inclusive da esquerda. Em seu discurso após o anúncio dos resultados, ela acenou para uma clivagem que soa como música para os ouvidos dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon.

    “A grande questão dessa eleição é a mundialização selvagem”, definiu Le Pen, estabelecendo dois campos: o daqueles que acreditam no fim das fronteiras e na desregulamentação e aqueles que querem uma França mais fechada menos liberal. Os 19,2% que apoiaram Jean-Luc Mélenchon, em grande parte, se encontram no segundo grupo.

    Publicidade

    A alta votação de Mélenchon, outra surpresa desta eleição, inaugura o fenômeno do populismo de esquerda na França, seguindo a ascensão do Podemos na Espanha e o Syriza na Grécia. Ao contrário de Hamon e Fillon, Mélenchon não orientou seus eleitores a votar por Macron no segundo turno, mostrando que, ao contrário de 2002, a formação da Frente Republicana contra a Frente Nacional está longe de ser uma certeza. A pesquisa feita na sequência do primeiro turno aponta vitória de Macron, 62% a 38%.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.