A líder do partido conservador União Democrática-Cristã (CDU) e principal aposta para suceder a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, decidiu nesta segunda-feira, 10, renunciar ao seu cargo na liderança da sigla e desistiu de concorrer nas eleições gerais de 2021.
Karrenbauer anunciou sua decisão durante uma reunião com a cúpula da CDU. O motivo da renúncia foi a polêmica aliança da CDU com um partido de extrema direita no Estado da Turíngia.
Durante a reunião desta segunda, a ex-líder do partido disse que “não tenho o objetivo de ser candidata a chanceler”. Segundo a imprensa alemã, Karrenbauer continuará a desempenhar suas funções na liderança até o segundo semestre deste ano, e continuará como ministra da Defesa, cargo que ocupa desde julho de 2019.
A polêmica que causou a renúncia da ex-líder se deve a uma aliança da CDU com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) nas eleições indiretas para o cargo de governador do Estado da Turíngia, no leste da Alemanha. A sigla é considerada de extrema direita, populista e, por vezes, até neonazista.
No dia 5 de fevereiro, Thomas Kemmerich, do Partido Liberal Democrático (FDP), foi eleito governador de Turíngia com o apoio dos legisladores estaduais de seu partido, da CDU e da AfD. Manifestantes foram às ruas para protestar contra o pleito alegando que Kemmerich não as representavam. Os protestos ocorreram em nove cidades.
A repercussão da aliança foi tão negativa que Kemmerich renunciou ao cargo no dia seguinte à sua eleição, mesmo após a tentativa de excluir do governo a AfD.
Merkel, por outro lado, demitiu o secretário do Estado parlamentar, Christian Hirte, responsável para o leste do país, que foi duramente criticado por parabenizar Kemmerich. A chanceler, no mesmo dia da eleição, criticou o recém-eleito governador e qualificou como imperdoável a aliança regional entre a CDU e o AfD, dizendo que a situação ia totalmente contra aquilo que a CDU acredita.
Karrenbauer foi eleita presidente da CDU em dezembro de 2018 após Merkel, que está no poder na Alemanha há 15 anos, ter renunciado do mesmo cargo. A ex-líder foi apontada pela chanceler como sua sucessora nas eleições gerais de 2021.