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Exército disse que eleição de Khamenei em 1985 foi ‘farsa’

Relatório de inteligência do regime militar, produzido após reeleição do atual líder supremo como presidente, criticava cartas marcadas no pleito

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 Maio 2024, 18h05

Com a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, vítima de um acidente aéreo, as atenções do mundo se voltam novamente para Ali Khamenei, líder supremo do país que ascendeu após a morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, em 1989. É Khamenei, aos 85 anos de idade, quem vai escolher um novo presidente. Antes de se tornar líder supremo, passando a ter controle sobre os três poderes e as forças armadas, Khamenei foi eleito presidente em 1981 e reeleito em 1985. Ele apoiou Raisi na eleição de 2021.

O líder  foi personagem de diversos relatórios de inteligência do Exército Brasileiro na década de 1980. Em 29 de outubro de 1985, o Ministério do Exército distribuiu para o Serviço Nacional de Informações e para os outros ministérios militares um extenso relatório de informações sobre o Irã.

Nele, o Exército informava que tinham sido submetidas à apreciação do Conselho de Guardiões cerca de 50 candidaturas para presidir o país. Apenas três haviam sido aprovadas — todas pertencentes ao Partido da República Islâmica, incluindo a de Ali Khamenei.

A conclusão do Exército foi que não houve eleições democráticas. O relatório informou que “a campanha política transcorreu em um clima de completo alheamento popular” e que “a eleição foi uma completa farsa”, saindo-se vencedor, “como já era previamente sabido”, o presidente Khamenei.

irã

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Para o Exército, as eleições no Irã confirmavam que a Revolução Islâmica, embora não contasse com o apoio das categorias sociais mais favorecidas, estava solidamente apoiada nas categorias de baixa renda. Na época em que Khamenei era presidente, o líder supremo era o aiatolá Ruhollah Khomeini. “Infelizmente, para este país, não existem lideranças, fora do clero xiita, capazes de afetar o Governo”, dizia o Exército.

Os militares brasileiros também fizeram no relatório análises sobre a economia iraniana. O documento dizia que o governo iraniano vinha anunciando seguidas quedas da taxa de inflação, mas que era especulação. “Neste país é muito difícil saber onde termina a realidade e a começa a ficção. O governo controla artificialmente preços, salários e câmbio”, dizia o Exército.  Detalhe: nessa época, o Brasil ainda estava sob a ditadura militar.

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