O ex-presidente uruguaio José Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira, 29, que tem um tumor no esôfago, descoberto na última sexta-feira durante check-up médico.
“Na minha vida, mais de uma vez o ceifador esteve rondando a cama, mas ele continuou a me pastorear. Desta vez me parece que ele vem com a foice em punho e veremos o que acontece”, disse Mujica em uma entrevista coletiva, com presença de líderes políticos, ativistas e pessoas próximas.
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Segundo o ex-presidente, sua situação dificulta a realização de quimioterapia ou cirurgia. Seu estado de saúde também é complicado por uma doença imunológica que sofre há mais de 20 anos e que afeta seus rins.
Mujica, que comandou o país de 2010 a 2015, disse que continuará “ativo” e “entretido” com sua horta enquanto puder.
“Quero transmitir às meninas e aos meninos que a vida é bela, mas se desgasta. A questão é recomeçar cada vez que cair e, se houver raiva, transformá-la em esperança”, disse, garantindo, que, “enquanto durar”, continuará ativo também nas fileiras do Movimento de Participação Popular (MPP) de esquerda e da Frente Ampla.
Em 2020, Mujica renunciou à sua cadeira no Senado e abandonou a vida pública, uma decisão ligada à pandemia de coronavírus. O político ficou impossibilitado de exercer o cargo devido a fatores de risco como sua idade e uma doença autoimune, afirmando que “ser um senador significa falar com pessoas e ir a todos os lugares”, e que “o jogo não é jogado nos escritórios”.
Mujica foi um dos principais líderes da esquerdista Frente Ampla (FA). Apesar da resistência por seu passado guerrilheiro, teve uma enorme projeção nacional e internacional. Sua indiferença aos protocolos e seu discurso voltado para valores humanos o transformaram em um personagem procurado pela imprensa de todo o mundo.