Ex-ministros e intelectuais pedem que Lula conceda asilo a Julian Assange
Fundador do WikiLeaks, jornalista australiano esteve no centro do maior vazamento de documentos sigilosos das Forças Armadas dos EUA
Uma carta conjunta solicitou nesta quarta-feira, 28, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conceda asilo político a Julian Assange, preso há quatro anos no Reino Unido. Fundador do WikiLeaks, o jornalista australiano esteve no centro do maior vazamento de documentos sigilosos das Forças Armadas dos Estados Unidos, em 2015, sendo responsável inclusive por divulgar atos de espionagem americana contra o governo da então presidente brasileira Dilma Rousseff.
Assinado por 2.897 pessoas, incluindo a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e os ex-ministros José Gomes Temporão, Sérgio Machado Rezende e Ana de Hollanda, o documento ressalta que Assange permaneceu confinado na embaixada do Equador no Reino Unido por sete anos antes da sua prisão, “totalizando 11 anos sem liberdade”.
O pedido tem como pretexto o processo de extradição de Assange para os Estados Unidos, em curso desde julho do ano passado. Ele enfrentaria, ao todo, 18 acusações criminais pelo vazamento de informações militares e diplomáticas. Segundo autoridades americanas, a ação do jornalista teria colocado em risco a vida dos cidadãos do país.
Assange e o WikiLeaks se tornaram famosos em 2010 com a publicação de quase 700.000 documentos militares e diplomáticos confidenciais que deixaram Washington em uma situação difícil. As revelações no site expuseram crimes de guerra dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, arquivos sobre detenções extrajudiciais na prisão de Guantánamo, em Cuba, e telegramas diplomáticos que revelaram abusos de direitos humanos em todo o mundo.
Entre os documentos, estava um vídeo que mostrava helicópteros de combate americanos atirando contra civis no Iraque em 2007. O ataque matou várias pessoas em Bagdá, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.
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O documento propõe, então, que o líder brasileiro atue diretamente em um “esforço internacional junto a outros países – a começar pelos do Brics e do G20 – com vistas a obter a aceitação deste asilo político por parte do governo inglês”. Ele também relembra o papel do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que pediu a extradição de Assange ainda em 2022, solicitando que o petista tome um posicionamento similar.
No início do mês, Lula utilizou suas redes sociais para demonstrar sua “preocupação” com o futuro do ativista e ressaltou que a “sua prisão vai contra a defesa da democracia e da liberdade de imprensa”.
https://twitter.com/LulaOficial/status/1667660120988307457
Não foi a primeira vez, no entanto, que o presidente expressou seu descontentamento com a detenção do australiano. Em visita a Londres para a coroação do rei Charles, ele afirmou que “é uma vergonha que um jornalista que denunciou a falcatrua de um Estado contra outro esteja preso e condenado a morrer em uma cadeia”.
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A carta destaca, além disso, que Lula conta com o apoio de personalidades “como o papa Francisco, o ator Leonardo Di Caprio, a cantora Anitta, o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, o compositor e escritor Chico Buarque de Holanda, jornalistas ganhadores do Prêmio Pulitzer como Seymour Hersh e outros”.
O texto reforça também a “sensibilidade política, o senso de Justiça e o humanismo” presentes na atual administração e que a luta pela liberdade de Assange marcaria “ainda mais a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no mundo”.
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