Evolução da pandemia na África é gravíssima, diz OMS
O salto de casos no continente onde 258 milhões de pessoas vivem sem acesso a água e sabão preocupa as autoridades sanitárias
Há um mês, os casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, somente eram registrados em dois países africanos. Hoje há 300 novos contágios diários entre os 39 países do continente, o que torna a situação gravíssima, segundo a diretora regional na África da Organização Mundial da Saúde (OMS), Rebecca Moeti, em entrevista à emissora France24 nesta sexta-feira, 27,.
“A situação é muito preocupante e com uma evolução gravíssima”, afirmou Moeti.
Mesmo com as medidas tomadas por cerca de 40 países africanos de confinamento, isolamento de casos suspeitos, proibição de atos religiosos ou esportivos e do fechamento de escolas em 25 países, o continente continua mal equipado para enfrentar a crise. É preciso “adaptar medidas” para limitar a expansão da epidemia “no contexto africano” e “trabalhar com quem facilita o acesso à água”, acrescentou ela.
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Clique e Assine“É certo que em muitos lares africanos vivem famílias numerosas. Às vezes, é muito difícil para todos terem seu próprio quarto. Há uma vida comunitária muito forte. Devemos encontrar outros meios de higiene para minimizar a propagação do vírus”, destacou.
Na África Subsaariana, 63% da população de áreas urbanas — 258 milhões de pessoas — não pode lavar as mãos, segundo os dados do Unicef, porque não tem acesso a água e sabão.
Apesar do rápido avanço da doença, os governo africanos começam a se mobilizar. Devido à epidemia de Ebola, Uganda já possui uma infraestrutura para conter a propagação de doenças infecciosas, tendo em seu estoque equipamentos de proteção, remédios e tendas para atendimento, além de uma rede de laboratórios para diagnósticos por todo o país. Contudo, as UTIs em todo continente são escassas. A África do Sul, por exemplo, há apenas 1.000 leitos para uma população de 56 milhões.
A pandemia do novo coronavírus já atingiu mais de 160 países, infectando 566.269 e matando 26.455 pessoas, segundo a Johns Hopkins University. No continente africano, o vírus atingiu 1.937 e matou 31.
O pior cenário, porém, é nos Estados Unidos, com 94.238 casos e 1.438 mortes. Em segundo vem a China, onde a doença se originou, com 81.897 infectados e 3.296 mortes, embora o país asiático tenha conseguido controlar a propagação do vírus. Em terceiro lugar está a Itália, com 86.498 infectados e 9.134 mortes. A Espanha vem em quarto lugar, com 64.059 casos e 4.858 mortes. No Brasil, foram contabilizadas 2.567 infecções e 61 mortes, a maioria no estado de São Paulo.
(Com AFP)