Um relatório da Feantsa (Federação das Organizações Nacionais que Trabalham com os Sem-Abrigo), divulgado nesta terça-feira, 5, revelou que há pelo menos 1 milhão de pessoas sem-teto em toda a Europa.
Segundo o documento, o dado “destaca o fracasso dos países europeus em fazer da habitação um direito fundamental”. Estima-se que pelo menos 895 mil pessoas ficam sem abrigo todas as noites.
Os dados compilados em países da União Europeia e no Reino Unido são provenientes de registos de censo e números de autoridades locais, constituindo uma “estimativa mínima”, de acordo com a Feantsa. O relatório considera sem-teto aqueles que dormem na rua, pessoas em alojamentos de emergência e também as que vivem temporariamente “de favor” com familiares ou amigos.
No ano passado, todos os estados membros do bloco europeu comprometeram-se a zerar a população de sem-teto até 2030. No entanto, o relatório afirma que o problema não está melhorando – pelo contrário. Apenas Finlândia e Dinamarca a registraram progresso.
Na Dinamarca, o número de sem-teto caiu 10% entre 2019 e 2022. Segundo os autores do relatório, a política nacional dinamarquesa, de “habitação em primeiro lugar”, pode ser um modelo para outros. O diagnóstico é que a estratégia melhora a capacidade dos centros de alojamento e executa políticas de prevenção dirigidas a menores de 24 anos nas principais cidades.
Na Alemanha, dados oficiais do censo estimam que havia 262.645 pessoas sem-teto no país no ano passado. A Espanha registou pouco mais de 28.500 no mesmo ano, enquanto na Irlanda, onde a falta de habitação ameaça as perspectivas de reeleição do governo, o número oficial de pessoas em alojamentos de emergência foi estimado em 11.632 no final de 2022.
O número de pessoas que procuram abrigos na Irlanda aumentou 40% em dois anos, afirma o relatório.
A Feantsa também analisou as habitações de má qualidade e descobriu que um número significativo de pessoas no Reino Unido, França, Bulgária e Hungria viviam em casas consideradas de qualidade inferior e impróprias para viver. Entre os aspectos observados nas habitações, estavam umidade e bolor, superlotação, saneamento inadequado e riscos de incêndio.
A Hungria foi destacada no relatório pelo seu alojamento precário, com quase metade da população “vivendo em habitações superlotadas”, enquanto uma em cada oito famílias na Bulgária habita casas com banheiro coletivo.
No entanto, moradia inadequada não é exclusivas à Europa Oriental. Os autores descobriram que, em 2020, quase um quinto da população de França vivia em habitações consideradas impróprias para viver. A taxa era de um quarto no Reino Unido.
De acordo com a agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, quase 20 milhões de pessoas em todo o bloco sofreram alguma forma de “privação de habitação” em 2020.