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EUA pressionam Índia para aderir às sanções contra o petróleo russo

A Índia escolheu permanecer neutra diante do conflito na Ucrânia, devido a uma encruzilhada entre proteger-se da China e manter aliança com os EUA

Por Amanda Péchy
11 abr 2022, 17h31

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta segunda-feira (11) ao seu contraparte indiano, Narendra Modi, para proibir importações de petróleo russo. O objetivo é aumentar a pressão econômica sobre o governo de Vladimir Putin e dificultar a continuidade da guerra na Ucrânia.

Em reunião virtual, Biden também ofereceu ajuda à Índia para diversificar suas fontes de energia fóssil. O americano ressaltou que não seria do interesse de Nova Déli aumentar as importações de energia de Moscou.

Desde a invasão da Ucrânia, no fim de fevereiro, a Índia comprou pelo menos 13 milhões de barris de petróleo russo com desconto. É um aumento relevante se comparado ao ano passado, quando o país importou cerca de 16 milhões de barris da Rússia em todo o ano de 2021.

Apesar de Nova Déli importar apenas de 1% a 2% de sua energia da Rússia – muito menos que os 20% a 40% da Europa–, uma adesão de Modi às sanções americanas seria marcante.

Entre a cruz e a espada

A Índia é considerada a maior democracia do mundo em termos absolutos – com cerca de 1,4 bilhão de cidadãos, segundo o Banco Mundial – e seria o primeiro país emergente importante a se juntar ao bloqueio econômico em meio à guerra na Ucrânia. Além disso, o país tem ligações profundas com o governo de Putin.

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Para assegurar sua força contra a China, com a qual compartilha uma longa fronteira pelo Himalaia, onde as tensões são permanentes, Modi se voltou para a Rússia – seu maior fornecedor de equipamentos de defesa, apesar das crescentes compras dos Estados Unidos na última décadas.

O medo é que, se Nova Déli cortar relações com Moscou, pode perder um forte aliado na disputa geopolítica com Pequim.

Por outro lado, a Índia precisa dos Estados Unidos para realizar suas ambições tecnológicas, e demonstrar muita fidelidade à Rússia pode sair pela culatra. Com US$ 10 bilhões (R$ 47 bilhões) destinados ao desenvolvimento de semicondutores e fabricação de telas, depende dos americanos para bater de frente com os gigantes da tecnologia chineses.

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Não à toa, Modi recusou-se a tomar partido desde o início do conflito e ficou entre os 58 líderes que se abstiveram na votação das Nações Unidas para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos por “violações grosseiras e sistemáticas dos direitos humanos”, conduzida na semana passada.

Biden, no entanto, também caminha com cautela nas negociações com o indiano. O presidente americano afirmou que sua posição sobre a guerra na Ucrânia ficou “vacilante” – Modi só disse que a situação na Ucrânia é “preocupante” e condenou os assassinatos na cidade ucraniana de Bucha, onde foi descoberta uma cova com centenas de civis mortos –, mas ele compartilha as preocupações com a China.

Desde sua campanha à Casa Branca, ele identificou a competição com Pequim como seu principal objetivo de política externa e apostou no Diálogo de Segurança Quadrilateral (ou simplesmente “Quad”), uma parceria entre Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia. Por enquanto, Nova Déli foi a única a driblar sanções contra Moscou.

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Não foi confirmado se os Estados Unidos receberam alguma garantia da Índia sobre a possível proibição do petróleo russo. A Casa Branca informou o país de que as consequências de um alinhamento mais claro com Moscou podem ser “significativas e de longo prazo”.

Contudo, ao invés da alta pressão, talvez o governo americano e seus aliados devessem se concentrar em mostrar à Índia que os interesses do país seriam mais bem atendidos por meio de parcerias com eles – e não com Vladimir Putin.

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